Após uma temporada acima da média das duas anteriores, Weeds reboota a saga dos Botwin três anos no futuro, mas nem um salto no tempo livra a série – e Nancy – de velhos hábitos.

Mudanças bruscas na trama não são estranhas aos espectadores da série, ainda sim ver a protagonista sendo finalmente presa no final da sexta temporada surpreendeu a todos. Nancy cumpriu a pena por assassinato numa prisão em Nova York mesmo tendo sido presa em outro estado e todo mundo apontou isso como um como o maior absurdo jurídico de todos os tempos, mas né, a série se passa três anos no futuro, vai que rolou um plot twist na jurisdição durante esse tempo também?

Os irmãos Botwin, Andy e Doug estão agora em Copenhagen fazendo as coisas mais aleatórias possíveis: Silas tornou-se um modelo de sucesso ao fazer campanhas publicitárias de água de frutas; Shane fazia teatro de marionetes com a namorada, Renata, até que ela o expulsou de casa por não querer lhe dar um filho; Andy virou guia turístico e Doug o acompanhou nessa empreitada. De todos, o cunhado parece ser o mais perdido sem a liderança de Nancy – sem contar com Doug, que sempre foi avulso mesmo. Porém, nenhuma dessas mudanças até então apresentadas chocou tanto a comunidade cristã quanto o romance lésbico da protagonista com a colega de cela (Zoya). Obviamente a comunidade cristã nunca viu Weeds com alguma regularidade já que todos que acompanham a série conhecem a habilidade que Nancy tem de se adaptar a qualquer situação adversa, colar o velcro é fichinha para ela.

Mesmo com tantas mudanças na vida dos personagens, o roteiro da série continua utilizando o acaso e a sorte como as duas únicas ferramentas que fazem a história caminhar. As Leis da Conveniência Universal fizeram com que Nancy saísse da prisão mais cedo do que foi previsto, daí então a Sra. Botwin usa os contatos de Zoya para achar uma chave escondida numa pedra de uma sauna. A tal chave deu acesso a uma mala cheia de granadas que Nancy usou como moeda de troca para obter maconha do irmão de sua ex-cellmate/namorada. E todas essas visitas ela tinha que fazer durante as raras horas que podia sair da casa de reabilitação em que vive agora. Nunca ter estado em Nova York na vida não foi um empecilho para a traficante mais sortuda do universo achar essas pessoas e itens durante o curto período que lhe era permitido passar fora.

Assim que recebem a notícia de que Nancy está livre, a família volta voando da Dinamarca e automaticamente se instalam na Big Apple. Aparentemente os outros Botwin também são favorecidos pelas Leis da Conveniência porque no mesmo dia Andy consegue um apartamento a preço de banana em Nova FUCKING York, Shane ingressa na faculdade sem nunca ter concluído o highschool e até mesmo Doug consegue trabalho como contador da maneira mais surreal possível. Silas tenta continuar a carreira de modelo, mas seu primeiro trabalho não dá muito certo (ele só quase morreu asfixiado dentro de uma bolha de plástico trajando apenas uma humilhante sunguinha) e ele agora vai ganhar um trocado subornando a mãe com o lance da maconha.

E o pequeno Stevie Ray Reyes? Órfão de pai – desculpa se não dei muita atenção ao assassinato de Esteban, mas é que a própria série fez pouco caso do ocorrido – e com a mãe ausente, o garoto foi criado pela tia. Ainda que a irmã de Nancy não queira abrir mão do menino (que a chama de mãe) é evidente que a matriarca dos Botwin dará um jeito de tê-lo de volta. Depois do que fez nesses três episódios, tirar Stevie das garras de Jill será fichinha para quem é sempre favorecida pelas Leis de Conveniência Universal.