Girls 2X05: One Man's Trash

13.2.13



She wants all the things. She just want to be Happy.

Perdida entre Nancy Meyers e Sofia Coppola, Lenna Dunham nos entrega um lindo episódio em forma de metáfora, e nos leva cada vez mais à fundo na personalidade de Hannah que a cada episódio que passa se parece cada vez mais com um ser humano, e cada vez menos com um personagem de ficção. Um ótimo conto inserido no meio da temporada, que de certo modo serve como algum tipo de epifania para a protagonista, e bem sabemos que todo o crescimento na vida é feito dessas epifanias e momentos em que você cai em si, sobre tudo o que está a sua volta e o que é essencial a você.

Não me julguem por sempre estar aqui "babando ovo" da Lenna, mas é que essa genialidade no que ela faz, como esse episódio é simplesmente fantástica. Essas coisas me fazem acreditar que é sim possível fazer televisão de qualidade, é só querer. Acho que cada vez mais essa segunda temporada vai delineando suas divisas e selecionando cada vez mais o seu público. Todos aqueles que aderiram a série pensando ser uma série teen, ou até mesmo um revival de Sex and The City, a essa altura do campeonato ou já desistiram da série ou tiveram muitos conceitos mudados sobre o que é assistir conteúdo televisivo de qualidade.



Não é segredo para ninguém a saga que Hannah vem enfrentando pelo seu crescimento pessoal e tentando achar o seu espaço na vida. Muitas vezes a forma mais prática de suprir esse anseio, é a falsa idéia de que estamos atingindo vários objetivos... Começar vários projetos, ser a cara da revolução, ser groupie das bandas mais desconhecidas do Brooklyn e estar nas festas mais hypadas de Bushwick, participar dos experimentos "jornalísticos" mais bizarros com pó. E na contramão de tudo isso, Lenna resolve dar uma desacelerada na história da protagonista, inserindo-a quase que em um universo paralelo, para que a mesma tivesse algum tempo "real" para refletir corretamente sobre os seus anseios. 

Fica bem claro essa noção de tempo e de "breakthrough" realmente alcançado, quando percebemos que Hannah demora quase que o episódio inteiro para chegar em alguma conclusão sobre a experiência vivida. O que é muito fora do normal, já que a personagem está sempre vomitando idéias sobre si  e informações "relevantes" sobre o seu ego a cada cinco minutos. Não sei, mas sinto que foi a primeira vez que enxerguei Hannah honestamente, aonde as palavras proferidas não eram apenas frases de efeito para impressionar as pessoas em volta, aonde claramente ela assume o fato de que tudo que ela apenas quer é a pacata ideia de ser feliz, e todo o fato de ser desbravadora, e tomar todas as experiências do universo para si, provando ser quase um ícone cool de suas geração acaba realmente cansando com o tempo. E não sei você, mas tudo o que foi dito ali por Hannah veio diretamente de encontro a minha realidade, e se ela quer realmente ser a porta voz de sua geração, essa é uma boa forma de se começar... Honestamente.


É claro que não podemos deixar de dedicar aqui um parágrafo à Patrick Wilson. Eu digo, Patrick F**king Wilson, sério cara, beirou a perfeição ele todo daquele jeito, bem dito pela protagonista, quase que saído diretamente de um filme de Nacy Meyer. Médico, atencioso, com um piano na sala e uma mesa de ping pong nos fundos, uma cozinha impecável e um closet de outro universo. E apesar de ser tudo, claro, uma metáfora, serviu para abrir os olhos de Hannah, e para a mesma entender que seus anseios não são muito diferentes do "mainstream", e que tudo o que ela quer é também a felicidade em tons pastéis. É claro que dentro desse cenário de vizinhança, vida perfeita e fragilidade não pude deixar de lembrar de uma das obras primas de Todd Field com o Wilson e com a Kate Winslet, que vai totalmente na contramão, destruindo esse cenário perfeito, mas que também não deixa de enfatizar essa busca pelo sentimento de "completo".

Dito isto, devo também todos os louros à Lenna Dunham pela enxurrada de referências cinematográficas e musicais contidas no episódio, que aparecem das mais variadas formas, desde o roteiro à ambientação, passando pela direção... Enfim, e só eu consegui enxergar Sofia Coppola, Nancy Meyers, Todd Field, entre outros. E claro teve aquela fantástica cena final, muito bem montada, em que ela sai da casa, deixa o lixo no seu devido lugar e sai andando pelas ruas (ao som de uma música a qual não consegui identificar), que claramente remete ao cinema rodado em Nova Iorque dos anos 70, principalmente Woody Allen. São por esse fatores que tenho absoluta certeza que Girls é a coisa mais genial sendo apresentada na televisão hoje em dia. Deixo aqui a música da Fiona Apple citada pela protagonista, que exatamente no momento do eco declara: "I just wanna live everything".

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3 comentários

  1. Essa epifania de Lena Dunham veio em um momento ruim da temporada. Não curti o episódio.

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  2. Primeiro, AMO Patrick Wilson, o 'Gifted Man' pra mim é sensacional! E como ele estava sexy nesse episódio, gzuz!! kkkk

    Dito isso, eu também AMEI esse episódio. Por tudo isso que vc brilhantemente observou Jairo!

    Esse misto de bizarrice, inocência, insegurança e egoísmo das personagens de Girls faz com que a série seja algo ÚNICO na tv e muito parecido com a realidade!

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