Criminal Minds 8x17 / 18: The Gathering / Restoration

7.4.13



Se Marlon Brando ainda estivesse vivo, ele poderia apenas dizer: "oh, the horror, the horrors".





Nada melhor para definir o décimo-sétimo episódio dessa temporada do que a loucura literária do Coronel Kurtz em Apocalypse Now. Quando se tem um assassino cuja "inspiração" para as mortes é justamente uma coleção de contos bolada por um "pupilo" igualmente psicótico, então, nem se fala.

Novamente mudando o rumo da narrativa tradicional, aqui a série nos leva a acreditar que o assassino seja uma pessoa relativamente inocente (exceto pelo fato de ter cabulosas fantasias sobre assassinar mulheres com quem entrava em contato via internet). Até que Garcia, nossa Mestre dos Magos, encontre dados que sugiram o contrário, certamente não passou pela cabeça da maioria dos espectadores que talvez o neurótico-psicótico exibido durante o episódio inteiro não fosse o unsub.

O unsub verdadeiro simplesmente pegava as ideias do "coleguinha", exibidas em seus contos muito bem descritivos e elaborados, e as colocava em prática. Enquanto a maioria de nós, ao ler um livro, um conto ou uma redação, planeja testar na vida real o efeito de um "real or not" ou escrever cartas "most ardently", coisas assim, o dito-cujo usava o conhecimento adquirido para cometer assassinatos meticulosamente planejados para acontecerem exatamente da forma como foram "elaborados". Honestamente, tais conhecimentos podem ser úteis - como saber que cloreto de potássio em determinada quantidade pode matar e ainda não aparecer na autópsia - , mas colocá-los em prática? Sounds fun. (só que não). Principalmente a parte de arrancar as línguas para silenciar as vítimas.

É claro que, ao descobrir a tramóia de seu "mentor", o unsub-pupilo decidiu dar vazão aos sus impulsos homicidas e dar ao unsub-mentor um pouco de seu próprio remédio (algo que poderia acontecer caso Anne Rice ou o fantasma de Bram Stoker cruzassem com Stephenie Meyer na rua). A equipe da BAU só não voltou pra casa de mãos vazias porque conseguiram salvar a vítima final do unsub-pupilo, que se matou a despeito do discurso extremamente honesto e doloroso de Reid - fato que, claro, tinha tudo para lembrá-lo de Maeve e deixá-lo ainda mais chateado do que de costume. Pobre nerd. 

Apenas um adendo quanto ao caso de Garcia:  apesar de achá-lo sem-gracinha na maior parte do tempo, adoro o Kevin (tavlez seja culpa da Buffy, não sei) e, consequentemente, fico com o pé atrás quanto ao caso novo dela - já que não é o Morgan. Mas ainda há tempo de me decidir quanto ao "mr. Moobs"... Acho.



Já o décimo-oitavo episódio, por sua vez, desafiou as leis da "não-continuidade em procedurals" e da memória a longo prazo. Cutucando uma ferida velhíssima - o abuso sexual sofrido por Morgan durante a adolescência, pelo orientador do centro comunitário onde treinava - , o episódio merece umas seis estrelas, de cinco. Bate até saudade da segunda temporada, de Gideon e Prentiss, ou mesmo de Third Watch ao ver o marrento Gordinski de novo.

Dessa vez, Morgan não é nem suspeito nem vítima (finalmente né). O perfil apontava simplesmente para uma ex-vítima de abuso sexual, do sexo masculino, que - duh - não conseguia lidar exatamente muito bem com o próprio sofrimento e, portanto, recorria ao assassinato como forma de, digamos, "terapia". Logicamente, a lista afunilou bastante ao encontrarem pichações nas cenas do crime dizendo "look up to the sky" - as mesmas palavras que Carl Buford dizia aos jovens de quem abusava - Derek incluso - enquanto praticava o ato.

Logicamente, nada além de conseguirem uma lista dos rapazes que já estiveram sob a "tutela" de Buford e cruzar tal lista com registros criminais, para conseguirem os prováveis suspeitos. Claro que não ia ser fáci assim... Buford provavelmente destruiu os registros de grande parte de suas vítimas antes de ser preso pela BAU seis anos antes, e todas as demais fichas eram basicamente manuscritas - necessitando do brilhante QI de Reid para lê-las todas no menor tempo possível. Obviamente, isso não levaria a nada - e tornou-se necessário fazer com que Morgan encarasse mais uma vez o pior fantasma que rondava sua existência.

O encontro gerou uma lista gigante e apenas um provável suspeito - falso - , mas deu origem a um dos momentos emocionalmente carregados e pessoais pelos quais os membros da BAU ocasionalmente passsam que são basicamente o motivo de eu (e grande parte do fandom, conmvenhamos) assistir a série por tanto tempo. A única forma que Morgan encontrou de dar fim ao próprio sofrimento foi expor-se publicamente e fazer com que o mundo pudesse sentir sua dor e usar tal fato para acolher e compreender outros indivíduos na mesma situação em que ele se encontrava - ou, melhor dizendo, terminantemente se encontra.

E é com o sempre bem humorado, determinado e semi-invencível Morgan quase desabando ao receber a notícia da morte de seu cárcere emocional, que fechamos o episódio - e recebemos novamente uma amostra grátis da profundidade emocional que Criminal Minds nos tem a oferecer por trás da fachada de "um procedural qualquer".

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