Criminal Minds 9x11: Bully

22.12.13


Eis aqui uma verdade universal: a vida é uma eterna oitava série.

Em nove aninhos de vida, Criminal Minds se especializou em abrir, cutucar, raspar e fazer biópsia das feridas dos protagonistas; sejam elas físicas ou emocionais. Nesse episódio, Alex Russo Blake foi quem finalmente compartilhou um pouco do seu passado. O que, infelizmente, foi mais uma constatação da exaustão criativa dos roteiristas do que um evento particularmente marcante - foi uma reciclagem de detalhes antigos dos outros pergonagens que acabou salva pela presença marcante de Jeanne Tripplehorn, enfim parecendo à vontade na pele da personagem (também, com o último episódio de destaque que ela teve, se sentir desconfortável ainda é pouco).


Todas as questões de Blake ecoam algo que já ocorreu com outro personagem. Perdeu o irmão mais velho do mesmo jeito que Morgan perdeu o pai, e também perdeu a mãe. JJ, como ela, perdeu a irmã mais velha cedo, e essa foi a referência cinematográfica mais marcante e direta que a série fez - a Jareau primogênita se suicidou da mesma forma que Cecelia Lisbon tentou fazer. Para quem não se lembra, essa é uma das personagens do livro As Virgens Suicidas, que virou filme em 1999 nas mãos de Sofia Coppola. Uma das irmãs mais velhas de Cecelia era Mary, interpretada por AJ Cook.

Voltando a Alex, principalmente, percebe-se o desespero dos roteiristas em tapar o buraco criativo que a personagem de Prentiss deixou, ao vermos o mesmo desejo de autoindulgência e a introspecção da atual agente da Interpol estampada no rosto de sua substituta, ao levar um tiro e passar o episódio todo acariciando o braço machucado. A impressão que se tem, quando se está acompanhando essa série há muito tempo, é a de que anotaram os melhores plots em papeizinhos, jogaram num balde de pipoca e sortearam. Felizmente, Tripplehorn consegue segurar muito bem o ritmo, encontrando um meio-termo entre todas as emoções que a personagem demandava em suas interações exasperadas com o pai e o irmão mais novo.

O caso da semana, tão banhando em nostalgia que foi, parecia um reflexo da própria Blake ao ser praticamente arrastada de vlta para casa. O unsub, ao contrário dela, não planejava sair de Kansas, e sim, ficar lá até que sua vingança fosse concretizada. Armado com anabolizantes, raiva nutrida por anos de abuso na escola, e um físico que foi de muffin mal-vestido à montanha de Erebor, o ex-bullynado virou o bullying conmtra os bullyinadores, em memória de um amigo que se suicidou. Não obstante a agressão física brutal que provocava às suas vítimas, o unsub submeteu suas vítimas à mesma humilhação a qual seu amigo foi condenado: andar pela escola trajando apenas uma calcinha (e aqui, novamente temos outro paralelo com storylines antigos: o jovem Reid, ainda criança porém com um QI de 180, foi pendurado pela cueca num mastro durante o colegial. E ficou pendurado lá o fim de semana todo).

Toda a brutalidade e angústia do unsub refletiu não apenas a relutância de Alex em se encontrar novamente em casa, como também bateu numa tecla que os EUA não cansam de apertar, sem necessariamente fazer grandes esforços pra alterar o status quo: a situação do bullying nas escolas de lá é retratada de forma tão ridiculamente destruidora e, apesar de tudo, clichê, que a autoflagelação a qual incontáveis adolescentes se submetem não só faz todo o sentido do mundo, como nos acerta na cara como um hadouken.

Criminal Minds volta só em janeiro - e não poderia ter encontrado uma forma melhor de nos dar algo no que pensar enquanto esperamos o próximo episódio.

Talvez Você Curta

2 comentários

  1. Não vi o final como erro. Ele não "apagou a memória" do outro DRN, apenas retirou dele os arquivos dos casos em que ele trabalhou, arquivos esses que o DRN não tinha, e que o Dorian resolveu dar (desatualizados), e que causou aquele confusão de prender um cara já condenado e solto. O DRN não era mais policial, não era pra ter aqueles arquivos, Dorian não devia ter dado a ele, então retirou os arquivos antes de liberar o DRN.

    ResponderExcluir
  2. Concordo. Ele só fez retirar o que já não era mais propriedade do DRN. Aí entra a humanidade do Dorian, pois ele ainda deixa um mísero pedaço de um dos arquivos que é a memória do menino abraçando o outro DRN. Pra mim, foi um ótimo episódio.

    ResponderExcluir

Comenta, gente, é nosso sarálio!

Subscribe