True Blood 7x10: Thank You (Series Finale)

30.8.14


Felicidade é algo complexo. Alguém pode estar plenamente satisfeito com sua vida, mas basta algum problema financeiro, pessoal ou profissional - para citar apenas algumas das possibilidades -  para que esse sentimento desapareça. Isso funciona dessa forma para nós, no mundo real, mas no universo fictício de True Blood, a felicidade se resume a casamento e filhos.

Nesses últimos episódios, e principalmente neste, a série apresentou um cenário depressivo, fúnebre, diante da morte iminente de Bill. Esse lado sombrio da trama é realizado com competência através, ironicamente, de um casamento. Há uma ambivalência no momento da união de Hoyt e Jessica, já que ao mesmo tempo que fazem aquilo por que se amam, também o fazem para satisfazer o desejo de um “pai” moribundo que deseja ver sua “filha” se casando.

Diferente da cerimônia na casa de Bill, o encontro entre o vampiro e Sookie nada tem de alegre. A longo cena entre os dois é o ponto alto de Thank You. Filmados quase como um contraponto da cena da primeira temporada onde Sookie corre vestida de branco, feliz, pelo cemitério para encontrar Bill  - uma cena que foi recriada há alguns episódios atrás –, os momentos vividos ali pelos dois vão além da decisão quanto ao destino do vampiro.

Ao ter uma chance de deixar definitivamente para trás a loucura dos últimos anos, se livrando de seus poderes ao mesmo tempo que mata Bill, Sookie se mostra incapaz de seguir adiante com o planejado. Quando ela decide permanecer fada, o roteiro foge do óbvio, criando uma conclusão satisfatória para a protagonista onde ela finalmente se aceita como é.

A calma de Bill diante da sua escolha de morrer para que Sookie tenha chance de viver normalmente mostra, finalmente, que os sentimentos dele por ela nunca foram falsos. Muitas vezes as escolhas dele foram egoistas ou cruéis, o que fez com ele percebesse algo que Sookie já deveria ter notado há tempos: nunca houve futuro no relacionamento dos dois. Muitas vezes reclamei sobre como ela falhava reiteradamente em perceber a sequencia de absurdos que a vida dela havia ser tornando desde que Bill entrou no Merlotte's pela primeira vez, e isso se manteve até o fim, sendo necessário que outro notasse esse padrão autodestrutivo.

Se o fim dessa cena, quando Sookie deixa o cemitério coberta de sangue, fosse o fim de True Blood teria sido perfeito. Seria um fim realista para ela, que encontra alguma satisfação em aceitar seus poderes, e eliminaria todas as cenas que apenas mostram aquilo poderia ser facilmente inferido sobre o futuro dos outros personagens. O marido sem rosto de Sookie não é apenas desnecessário, mas incoerente com o desenvolvimento da personagem, já que o motivo que a atraiu para os vampiros em primeiro lugar foi a sua incapacidade de ouvir os pensamentos deles. Ela nunca foi capaz de namorar antes de conhecer Bill, então o que mudou agora?

Ver Jason casado e cheio de filhos, Sam sorridente visitando a cidade ou Jessica e Hoyt casados são exposições inúteis. Não era preciso ver Eric e Pam gravando comerciais – a participação dos dois no series finale é periférica, ainda que divertida – ou a enorme mesa de ação de graças dos protagonistas. A necessidade de apresentar uma última cena digna de contos de fadas na qual vemos que todos viveram felizes para sempre por que encontraram maridos, esposas e filhos é um falha que mancha um episódio que poderia ter sido perfeito.

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