Grey's Anatomy 7x11: Disarm

10.1.11


Enfim, redenção.


Seis meses para eles e exatos 10 episódios para nós. Esse foi o tempo que se passou desde que tudo mudou. Desde que um homem, atordoado pela perda de sua esposa, resolveu invadir o Seattle Grace Hospital em busca de vingança. Seis meses para eles e 10 episódios para nós, esse foi o período que vivemos após o massacre que dilacerou não apenas pessoas, mas também sonhos e esperanças. E não houve um segundo sequer, durante esse processo, em que pudemos esquecer as consequências daquele momento. Para eles foram seis meses de trauma e tristeza. Para nós foram 10 episódios de apreensão, espera e, por parte de alguns, até raiva. E eis que chega Disarm: seis meses, 11 episódios... e transforma uma tragédia no empurrão necessário para que, finalmente, possamos seguir em frente.

Um homem armado abre fogo contra várias pessoas em uma faculdade, deixa algumas dezenas feridas e outras centenas em choque. Soa familiar? Mais que isso, soa pessoal. É fácil para qualquer um que já assistiu ao episódio falar, mas quem poderia imaginar antes dele que um déjà-vu seria a cura que tanto esperávamos? Shonda Rhimes transformou as salas de cirurgia em divãs, e fez o sentimento individual se transformar numa grande dor coletiva a ser tratada. E cada um, sem exceção, teve seu papel nesse processo. A começar por Chief Webber que, com muita calma e pulso firme, soube coordenar e tranquilizar toda uma equipe que estava prestes a relembrar um momento de terror. Ele deixou claro ao longo do episódio a importância, não somente de ajudar pacientes, mas de também ajudar uns aos outros. E isso foi essencial.

Aliás, essencial é a palavra perfeita para descrever a volta de uma cirurgiã que, no fundo, nunca deixou o hospital. Pois seu pensamento sempre esteve pelos corredores, seu coração, sua alma... ambas sempre tiveram como morada a sala de cirurgia. Cristina é uma verdadeira fênix, uma pessoa que passou tanto tempo acostumada com seu trauma, que ressurgiu das cinzas justamente a partir do momento que resolveu revivê-lo. Foi sim uma volta repentina diante de uma situação inesperada, porém, não foi nenhum ''estalo''. Um longo período de reabilitação mental e corporal foi percorrido até que chegássemos aqui, no estopim dessa grandiosa volta. E isso me deu segurança, me transmitiu uma confiança tremenda que há tempos eu não sentia em Cristina. Eu não consegui enxergar o fracasso em nenhum momento depois que ela subiu naquela ambulância, nem mesmo quando ela soube que, ironicamente, estava ajudando a salvar a vida do atirador. Sabe por quê? Yang não salva ''mocinhos'' ou ''bandidos'', ela salva vidas. Para ela cada vida perdida é um fracasso pessoal devastador, e isso ela não poderia admitir, não agora. Alguns até conseguiam entender essa fase de Cristina (tipo eu) e vários outros simplesmente odiavam (tipo você?), mas com certeza absoluta todos, sem exceção, queriam sua volta à sala de cirurgia. Uma volta que veio na hora certa, e mais importe ainda, pelo motivo certo.

Uma volta, diga-se de passagem, que só ficou realmente completa na última cena do episódio. Com a também volta de uma amizade, uma parceria de 7 anos que é fundamental para a série. Se Cristina tem algum espaço sobrando no seu coração, que é quase totalmente ocupado pela paixão por medicina, nesse espaço com certeza também está Meredith. Elas são amigas, irmãs, quase um casal... são literalmente como Yin e Yang. Elas têm uma força inexplicável que as obriga a serem amigas, e eu adoro isso. E é por conta dessa força, por exemplo, que Meredith e Cristina não precisam daquela típica cena de desculpas com abraços e muito choro. Ao contrário, isso as torna tão unidas que um simples olhar e um convite para um drinque já selam a paz dessa amizade transcendental.

Ainda bem que um simples olhar não funciona com Derek, pois se fosse o caso, teríamos perdido a mais intensa cena que Meredith Grey protagonizou em muito tempo. Uma explosão de sentimentos tamanha, que conseguiu paralisar a nós, tanto quanto paralisou Derek e sua equipe. Por um momento eu me senti como o doutor, inerte, estático, totalmente sem reação diante de um fato simplesmente inegável.''Eu fui a esposa na sala de espera'' disse Meredith. E não há argumentos contra uma mulher que está disposta a levar um tiro por você. Mesmo que você tenha sido fundamental na reabilitação da melhor amiga dessa mulher, não há argumentos. A sorte é que o casal em questão é Meredith e Derek, e para esse tipo de amor, também não há argumentos.

Por falar em argumento, não há um sequer que faça Owen entender as atitudes de Altman que, antes mesmo desse longo dia começar, já salvava sua primeira vida. Henry e a doutora oficializaram sua união no papel, e consequentemente selaram a garantia de que ele terá o tratamento médico adequado para sua doença. Só que ao que tudo indica, Henry já começa a tomar atitudes que o levarão a selar um novo acordo: aquele que garante o tratamento adequado de seu coração. Afinal, toda aquela conversa de bar, aquela história de ''casamento de mentira''... não é possível que Altman, ainda que munida de toda sua resistência, vá se esquivar para sempre. Mais dia menos dia o interesse vai pintar. E quanto mais interresante ficar para eles, com certeza mais interessante ficará para nós. É só esperar.

Em dias normais um cirurgião é obrigado a enfrentar seus medos e dúvidas pela vida de um paciente, em dias de tragédias, como esses, eles enfrentam Deus. Não há palavras que descrevam o quão impactante foi a atuação de Chandra Wilson, não há sentimentos que expressem o quão profunda foi a emoção transmitida por Miranda Bailey. Médicos são treinados para não se abalar. Eles são, eles precisam ser, ''homens da ciência'', não da fé. Mas como não se abalar depois de tudo o que aqueles doutores passaram nos últimos meses? A cena em que Bailey ''ordena'' a Deus que ele lhe devolva a vida de seu paciente foi surreal. Foi mais do que apenas a libertação de um sentimento que há muito tempo estava guardado dentro de Miranda, foi naquele momento, a certeza de que algo ou alguém olhava por eles.

Alguém ainda duvida? Arizona não me deixa mentir. Se a doutora tivesse chegado para observar a cirurgia de Stark com 1 minuto de atraso, ela teria presenciado uma menina de apenas 15 anos tendo sua perna, perfeitamente saudável, amputada... isso não pode ser coincidência. Mas tudo bem, méritos à Arizona. Ela foi pulso firme, decidida, foi a típica cirurgiã hardcore. Ela tirou Stark (agora seu chefe) de sua própria cirurgia, salvou a perna da menina e ainda por cima pode contar com a companhia de Callie na SO. Quem dera ela fosse tão decidida assim quando o assunto é amor! Foi fácil perceber porque os problemas entre Torres e Robbins foram os únicos impecilios que a força desse episódio não conseguiu superar: não se trata de curar as feridas, e sim de saber respeitá-las. E enquanto Arizona não souber fazer isso, não importa quantos quilômetros ela viaje, o coração de Callie sempre estará distante.

E entre um ''eu te amo'' e outro que Little Grey resolve proferir para Sloan, só me resta agradecer a um dos principais heróis do dia: Alex Karev. Não tem jeito, me arrepia mais a cada episódio ver que o doutor mesquinho de antigamente, se transformou em um dos maiores corações do Seattle Grace Hospital. O destaque que ele teve no episódio não foi tão grande quanto gostaríamos, mas suas atitudes compensaram proporcionalmente essa falta de foco. Primeiro porque aquela marcação homem a homem com Stark foi simplesmente sensacional. E segundo, porque a lição que ele ensinou a Avery me deixou sem palavras. Sim, a ira de Avery ao ver que estaria ajudando a salvar a vida do atirador é totalmente compreensível, e a gente sabe muito bem o porquê. Mas um desabafo daqueles é indiscutível, ele vem do cara que tem um irmão esquizofrênico que já tentou matar a propria irmã, e pior, do mesmo cara que também já foi alvejado por um atirador. E é por isso que eu gostei tanto da atitude de Karev, porque ela mostra um homem desprovido de rancor. E esse foi um dos principais objetivos do episódio, a libertação. Libertação essa que teve seu ápice evidenciado na cena que ilustra esse review.

Eles dizem que salvaram 26 vítimas, eu digo que foram no mínimo 40. Salvar vidas não consiste apenas em cortar e suturar, salvar vidas muitas vezes significa curar a enfermidade que aflige o seu próprio interior. E hoje, pudemos ver ao menos 14 médicos fechando suas próprias feridas e seguindo em frente. Claro que como todo machucado profundo, sempre haverá uma cicatriz. E, obviamente, a cada vez que olhar para ela você se lembrará daquele momento. Porém, diferentemente de uma ferida aberta, uma cicatriz é motivo de orgulho, pois te lembra acima de tudo que você, não apenas enfrentou um momento dificil, mas que conseguiu superá-lo.

Disarm foi incrível! Simples e intenso de um jeito que há muito tempo não víamos. No meu último texto eu disse que a volta de Grey's Anatomy seria como uma data festiva, e eu pareço ter acertado. Por isso é bom estarmos preparados, porque se Shonda Rhimes continuar assim, teremos muito mais a celebrar.

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7 comentários

  1. Nossa, gente. Review maravilhoso.

    O episódio realmente serviu para fechar todo esse ciclo do tiroteio e não vejo uma forma melhor de fazer isso do que fechando-o mais ou menos da mesma forma que começou.

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  2. Nossa, que review perfeito.UAU.

    Já comentei tanto esse episódio, que diante de um review desses eu só gostaria msm de comentar de novo que Disarm teve o melhor desfecho possível: a volta das twisted sisters, agora sim, Grey´s voltou :))

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  3. Fiquei sem palavras no episódio e igualmente aqui no Review!
    A Shonda quase me fez chorar! Sim, quando eles gargalharam todos e o quanto Stark parece perdido dentro daquele time tão fechado que compartilhou de uma mesma dor.

    Episódio incrível digno da conclusão que o ciclo iniciado com o tiroteio merecia.

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  4. Nossa, nesse episodio,Shonda me fez chorar de um jeito que poucas vezes chorei vendo grey's - no epi da bomba,quando o o'malley morreu,e quando Derek pediu a meredith em casamento..
    Poder ver todos eles se recuperanado de um trauma que devastou suas vidas - mesmo que depois de seis meses...foi incrivel.
    Ótima review,
    parabaens.. ^^

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  5. ótima review para um episódio melhor ainda!
    acho q nenhuma outra série consegue mexer tanto comigo como grey's, dá até uma felicidade qndo vejo o episódio pra baixar haha

    e essa sétima temporada tá sensacional, que continue assim agora q eles se recuperaram do trauma

    mais uma vez, parabéns pela review
    abs!

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  6. ÓTIMA REVIEW! ESTÁ DE PARABÉNS!
    Concordo com tudo o que você disse.
    Essa temporada está ótima. Já ouvi/li muita gente reclamando, mas é pq eles ainda querem que a série seja como na 2ª temporada, mas isso não vai acontecer.
    Achei que a Shonda e os roteiristas trataram muito bem da história do trauma de todos, principalmente da Cristina. A cena da Mer "desabafando" foi ótima.
    Tenho muita expectativa nessa história do casamento da Teddy, ela é uma ótima personagem, que merece mais destaque.
    Preciso de Calli e Arizona juntas logo <3 e estou amando ver Lexie e Mark juntos de novo.
    A única coisa que tem me desagradado um pouco é o Avery, ele está muito chato ultimamente. Com ele aconteceu o contrário da April, que agora é uma das minhas favoritas.

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  7. ÓTIMA REVIEW! ESTÁ DE PARABÉNS!
    Concordo com tudo o que você disse.
    Essa temporada está ótima. Já ouvi/li muita gente reclamando, mas é pq eles ainda querem que a série seja como na 2ª temporada, mas isso não vai acontecer.
    Achei que a Shonda e os roteiristas trataram muito bem da história do trauma de todos, principalmente da Cristina. A cena da Mer "desabafando" foi ótima.
    Tenho muita expectativa nessa história do casamento da Teddy, ela é uma ótima personagem, que merece mais destaque.
    Preciso de Calli e Arizona juntas logo <3 e estou amando ver Lexie e Mark juntos de novo.
    A única coisa que tem me desagradado um pouco é o Avery, ele está muito chato ultimamente. Com ele aconteceu o contrário da April, que agora é uma das minhas favoritas.

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