House 08x09: Better Half

27.1.12

"Meu impulso natural é duvidar da felicidade dos outros..."


House está de volta. O último episódio antes do hiatus foi bem fraquinho e eu temia que o retorno fosse no mesmo ritmo, ou pior, mas eis que House retorna com um episódio relativamente bom e situações engraçadinhas.

Digo “relativamente bom” porque, sejamos sinceros, apesar do final espalhafatoso da sétima temporada, a série não tem grandes acontecimentos há um bom tempo e estou sentindo muita falta disso! Não lembro quando foi a última vez que senti aquele frio na barriga, angústia ou uma ansiedade desesperada pela próxima semana. Tenho a sensação de que a série, talvez para evitar perder-se em si mesma nessa que pode ser sua última temporada, aborda os temas e os personagens de forma superficial, com certo “medo” de se aprofundar demais como fazia nos velhos tempos. Prova disso é que a trama dos episódios pouco se conecta, eles estão cada vez mais independentes uns dos outros e isso em House, para mim, é um mau sinal.

Nessa semana tivemos o caso de Andres, um descendente de brasileiros que sofre de Alzheimer e, logo que é aprovado para realizar testes de um novo remédio para a doença, apresenta novos sintomas desconhecidos que House e sua equipe são encarregados de diagnosticar. Andres é cuidado por sua esposa, que praticamente abdicou da própria vida para fazê-lo, exceto pelo fato de que tem a ajuda de “um bom amigo” que claramente tem um caso com ela.

Isso suscita a questão: até que ponto uma pessoa consegue abdicar de si mesma para benefício de outra, mesmo que doente?  Pensei muito nisso durante todo o episódio, principalmente durante a conversa de Chase com Adams sobre sua infância e todo o drama que passou com a mãe alcoólatra. Em alguns momentos mais críticos, como por exemplo, quando Andres saiu na neve e quase morreu congelado, pude notar uma expressão de alívio no rosto de sua mulher e do “bom amigo” com a possibilidade de sua morte e... será que ela está errada por isso? É como House disse, ela se dedica ao marido e sua doença da forma que importa, mas é realmente culpada por ter um caso com outro homem? Ainda que isso tenha ficado implícito? Não deve ser nada fácil casar seis meses após ter conhecido a pessoa e, um ano depois, ter seu relacionamento limitado a descrever situações cotidianas até que um dia essa pessoa não se lembre de você. Acho que, se essa mulher não tivesse uma válvula de escape, não conseguiria cuidar do marido com tanta dedicação.

Paralelamente ao caso principal, House e Wilson ficaram às voltas com mais uma aposta, muito mais interessante que as últimas, diga-se de passagem. Wilson ficou embasbacado ao tratar uma mulher, casada há dez anos, que se dizia assexual, e House decidiu provar que essa orientação era resultado de algum problema de saúde (gente, como assim não tem nenhum tipo de relação sexual com o marido? Nem sabia que isso existia...).  Ele descobre que o problema não era com a mulher, mas com o marido dela (também supostamente assexual), que possuía um tumor perto da glândula pituitária causador de sua falta de libido e disfunção erétil. Wilson ficou com a incômoda obrigação de avisar o problema ao casal e a moça mostrou-se muito feliz ao descobrir que após o tratamento seu marido passaria a gostar de sexo, provando que a teoria de House sobre ser impossível uma pessoa não gostar de sexo estava certa. Imagino que esse tema deva ter causado certa controvérsia entre o 1% da população assexuada do mundo... mas é o House minha gente, não se sintam ofendidos pois ele não vai ligar nem um pouco para isso.

Incrivelmente, Foreman me surpreendeu nesse episódio. Ele não se deixou levar pelos joguinhos de House, anteviu todas as manipulações do doutor sobre ele e ainda conseguiu desvendar o caso de Andres com um insight típico de seu antigo chefe! Tirei meu chapéu, apesar de no final House ter conseguido o que queria: que Foreman autorizasse a retirada do monitor em sua perna.

Outro personagem que está me agradando muito (sempre me agradou, aliás) é Chase.  O fato de ele ter ligado para a irmã numa das cenas finais demonstra que a série pretende se focar um pouco mais nele e isso me deixa feliz, quem sabe será o retorno da “profundidade” que está faltando. Interessante notar que, a despeito da entrada das duas novas integrantes da equipe, os “antigos” continuam prevalecendo na preferência do público.

Se House continuar nesse ritmo até o final da temporada, é uma forma segura de terminar a série (se é que ela vai mesmo terminar, pois o cancelamento ainda não foi confirmado oficialmente) sem ter uma queda drástica de qualidade, porém, será que vale mesmo a pena seguir de forma segura e insossa? Ou ousar e arriscar faria mais jus à personalidade do protagonista? Prefiro a segunda opção...

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