Awake 1x01: Pilot

20.2.12


O que você faria se sua esposa ou filho morresse e sua mente criasse uma realidade alternativa na qual o morto estivesse vivo? Pior, e se você não soubesse qual dos dois morreu, sendo incapaz de dizer quando esta dormindo ou acordado? Essa é a angustiante premissa de Awake, que é apresentada com rara eficiência para um episódio piloto.

É na complexa situação explicada no primeiro parágrafo que se encontra o detetive Michael Brittain (Jason Isaacs), que após um acidente — a cena que abre o episódio — automobilístico perde a esposa, Hannah (Laura Allen), ou o filho, Rex (Dylan Minnette).

Acompanhar a angustiante experiência de Michael e a sua falta de noção quanto ao que real ou não também é algo perturbador para quem assiste ao piloto. Optando pela inteligente decisão de não oferecer ao espectador nenhum elemento que sequer permita que ele tenha uma pista sobre a verdadeira natureza das realidades vividas pelo detetive, os roteiristas conseguem facilmente fazer com que seja simples para o espectador entender a confusão do protagonista, uma vez que aquele também não tem a mais vaga idéia qual das duas situações é real.

Ao não mostrar nenhuma cena anterior ao acidente, o episódio nega ao espectador qualquer tipo de conhecimento prévio sobre aqueles personagens. Saber de detalhes sobre a personalidade de Hannah e Rex poderia fornecer informação o bastante para que fosse possível notar algum novo hábito não condizente com os personagens, tornando possível distinguir o real e o imaginário.

Os psicólogos consultados por Michael em ambas realidades também contribuem para a constante incerteza experimentada por ele. Se um oferece um argumento convincente para justificar a falsidade das experiências vividas pelo protagonista quando este dorme, o outro logo elaborará uma outra analise que parece ainda mais plausível que a do outro psicólogo, construindo assim uma dinâmica em que a cada cinco minutos a razão parece mudar de dono entre eles.

Awake não tem apenas detalhes interessantes de roteiro. Jason Isaacs como Michael, por exemplo, consegue exprimir bem a angustia de alguém que, ao mesmo tempo, perdeu e não perdeu o filho e a esposa e esta disposto a sacrificar sua sanidade para manter essa pequena e ilusória conexão com quem quer que tenha morrido.

A cenografia constantemente se utiliza de elementos com as cores vermelhas — repare por exemplo na cena inicial onde todos os guarda-chuvas que não são pretos, são vermelhos — e verdes. A fotografia também é usada de uma maneira muito inteligente na ótima cena em que Michael acorda e não encontra nem a esposa e nem o filho. Durante todo o episódio somos apresentados a uma fotografia azulada, de tons frios, quando Michael esta com o filho e quentes, amarelados, quando este se encontra com a esposa. Na referida cena, onde o protagonista acorda desesperado em busca de Hannah ou Rex, a fotografia não condiz com nenhuma das duas realidades. Assim como Michael se vê perdido sem sua pulseira colorida que identifica onde esta, ficamos também desorientados. Uma cena brilhante sem dúvida.

Em suma, Awake apresentou um piloto eficiente em expor a dinâmica da série — imagino que a cada semana teremos casos relacionados em cada uma das realidades — sem ser, nem de perto, algo mecânico ou corrido.

@hadrielsm

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1 comentários

  1. É tão bom ver Laura Allen novamente (saudades extremas do The 4400 :D) Adorei o episódio, logo que vi o teaser de Awake e li sobre essa série eu fiquei ansiosíssimo para a estréia, e felizmente este piloto supriu todas as minhas expectativas.
    Agora só manter a fé que os americanos consigam entender a série e não virem as costas na primeira dúvida ( Fringe?!?! ) hehe

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