The Newsroom 1x08: The Blackout Part 1: Tragedy Porn
17.8.12
Chama a Sonia Abrão. Chama o Dantena. Chama até o Ratinho se quiser.
Pela primeira vez em sua curta história, Newsroom apresentou
um episódio que continuará na semana que vem, por isso algumas pessoas possam
ter desgostado do que viram estranhando o ritmo um pouco mais lento ou a falta
de um grande momento de climax dentro da trama. A mim, a primeira parte de “The
Blackout” agradou bastante principalmente por ter conseguido me envolver com as
notícias, deixando os conflitos pessoais e as situações de vergonha alheia
apenas como pano de fundo. Além disso, o melhor ficou para o final com certeza
e o próximo episódio será ainda melhor com a conclusão de tantas tramas
interessantes. Eu até gosto dos relacionamentos da série, mas, ao meu ver, o
dilema a cerca da abordagem do noticiário e a politicagem que o restringi
acabam rendendo bem mais.
Após uma queda significativa em sua audiência, dada pelo
fato da equipe do News Night não estar cobrindo o julgamento de Casey Anthony
(uma espécie de Nardone americana), Will e sua trupe foram obrigados a mudar o
foco de suas notícias para se recuperar e, assim, agradar Reese Lansing (Chris
Messina), que é simplesmente o presidente do canal e filho da dona de uma
espécie de Organizações Globo americana. Soa estranho Will abrindo as pernas
deste jeito, mas sua atitude tem como objetivo de conseguir a aprovação para um
novo tipo de debate eleitoral, que tem o potencial para revolucionar o modo
como são feitos os debates. A situação rendeu um grande momento ao episódio em
que Don analisa o programa de Nancy Grace, uma verdadeira aula de imprensa
marrom, mas nada que chegue aos pés da nossa querida (só que não) Sonia Abrão.
Pela primeira vez, sinto que Aaron Sorkin caprichou na crítica à imprensa
americana, sem deixá-la como coadjuvante para os conflitos amorosos dos
personagens. Assim como no Brasil, a TV acaba vendendo estas tragédias como na
notícia em busca de audiência, fazendo de todo o caso um grande reality show.
Tudo fica ainda mais evidente com o plot de Sloan lutando
para ter alguns minutos no começo do programa para falar de um assunto
realmente importante, a votação do congresso americano em relação ao teto da
dívida. Toda a situação é muito complexa, por um lado, Sloan realmente tem
razão e a filosofia do News Night 2.0 não poderia deixar de lado um assunto tão
crucial, porém o que adianta passar uma mensagem importante para meia dúzia de
gato pingado quando o país inteiro está parado julgando uma possível assassina
da própria filha? É óbvio que um jornal sério deveria dar foco para os assuntos
que são realmente relevantes, mas o que adianta fazer isso quando a audiência
não é qualificada para entender a importância da mensagem? Espero que a segunda
parte do episódio traga a resposta para esta pergunta, uma vez que eu não a
tenho. Para falar um pouco da personagem, Sloan protagonizou (ao lado Neal) a
cena mais ridícula do episódio (quiçá da temporada). Tadinha, a moça tenta
convencer a gente que é uma boa jornalista e preocupada em conscientizar os
americanos a respeito da influência da política na economia, mas perde toda a
credibilidade jogando o indiano na parede e se comportando como uma maluca no
meio do seu ambiente de trabalho.
Sobre a situação de Will e Mackenzie, não tenho muito a
dizer, já que a presença do ex-namorado dela, Brian (Paul Schineider, que está
bem diferente da época de Parks and Recreation), deve surtir mais efeito no
próximo episódio. Mesmo assim foi legal o analista desvendar o mistério,
alegando que Will só chamou Brian para mostrar para Mackenzie que não se
importa, enquanto não consegue perdoá-la pela traição do passado. Mais uma vez
Emily Mortimer não esteve tão bem e Mackenzie continuou afetada, caricata e com
zero de credibilidade. Nem num mundo em que a Kim Kardashian é presidente esta desvairada
consegue ser uma boa produtora de televisão.
Outra trama que ainda
se desenvolverá e muito é o jogo de poder entre Charlie e Leona (Jane Fonda). A
cena entre os dois foi muito boa principalmente porque Charlie tem o queijo
e a faca na mão para virar o jogo a seu
favor, mas optou por esperar Jim confirmar a história da espionagem para depois
usar esta carta na manga a favor de Will e a nova abordagem do News Night.
Adoro que todo o conflito foi gerado pelo fato da máquina do Morgan Freeman, em
Batman O Caveleiro das Trevas, existir e dei muita risada ao perceber que
Charlie é um verdadeiro visionário, que além de usar sua gravata borboleta não
assistiu ao comentado filme de Chistorpher Nolan.
Além de todo o caso de Casey Anthony, outro destaque no
noticiário que desagradou à equipe foi o escândalo sexual de Anthony Weiner (só
o nome do cara já é um escândalo, eu sei). Os americanos realmente precisam
pensar a respeito do assunto, uma vez que julgam seus governantes mais por suas
puladas de cerca do que pelas guerras que fazem, porém, diferente de Maggie e
seus colegas, eu acredito na importância de uma notícia como esta, uma vez que
o cara é uma figura pública e precisa pensar duas vezes antes de se meter em
enrascadas deste tipo. Eu ainda dei muita risada da lógica distorcida da
amante, que aceitava ser amante mas condena o fato de Weiner ter relações com
outras garotas. Assim como no episódio de número 6, Maggie teve pouco destaque
e tempo de tela, mas realizou uma performance genial na simulação do debate com
a congressista Michele Bachmann, fazendo as perguntas mais lógicas mas que
ninguém faz.
Assim, por mais que a falta de conclusão e o ritmo mais
lento tenham diminuído o amor de muitos pelo episódio, tenho que dizer que
Newsroom, mais uma vez, entregou um ótimo episódio e ainda preparou o terreno
para uma segunda parte ainda melhor. Estou bastante ansioso para assistir e
acredito que o Blackout fará a equipe do News Night refletir a cerca dos seus
valores e da sua obrigação como jornalistas. Só esperando para ver.
P.S.: Eu sei que a amante de Weiner era uma completa idiota,
mas achei o Will arrogante e grosso demais com a convidada que iria
entrevistar.
2 comentários
O Will não estava sendo grosso com a amante do congressista, mas sim desgostoso com o fato de ter que dar aquele tipo de notícia e acabou por descontar nela as suas frustrações.. e aquele mulher é muito retardada de não perceber que tava todo mundo olhando torto pra ela.. eu teria ido embora depois daquele primeiro olhar da Maggie..
ResponderExcluirMas aprendi uma coisa nesse episódio: Deus não gosta de sensacionalismo! Ri demais na hora em que a Mackenzie pede um sinal a Deus e na hora dá um blackout! (não sei se proposital ou não.. mas um dos primeiros momentos de humor da série que funcionou - pra mim!)
Eu acho que aquela cena da Sloan com o Neal foi a tentativa de humor (sempre desnecessária) do episódio.. mas também foi meio que pra lembrar pra gente que a Sloan, apesar de todos seus intelectos (com pós economia, japonês fluente, etc) ela é também uma mulher, que se afeta com coisas pequenas como um homem falar pra ela que ela está gorda..
Também to adorando os jogos de poder entre o Charlie (melhor personagem da série!) e a Leona..
Ah.. e ri demais da cena em que o cara cita a máquina do Cavaleiro das Trevas..
Carina, obrigado pelo comentário. Eu entendo os motivos que levam Will a destratar a mulher, mas esperava um pouco mais de profissionalismo e respeito com ela.
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!