Girls 3x05/06: Only Child/Free Snacks

14.2.14


Ossos do Ofício.

Desde que a série começou a proposta para Hannah foi sempre a mesma, o foco dele sempre foi ser um escritora e ser a porta voz de sua geração. Acontece que, assim como todos que falam que são escritores dedicam pouquíssimo tempo à escrita (palavras de Ray), a série também nunca dedicou muito tempo para falar sobre a carreira de Hannah, muito mais de seus problemas pessoais. Quão refrescante não é então assistir dois episódios na sequência, que focam basicamente apenas nisso e de fato ver a personagem trabalhando igual gente grande, seja publicando o próprio livro ou prestando serviços como publicitária.

Em "Only Child" Hannah realiza o seu maior sonho e passa pelo seu pior pesadelo, parece até uma pegadinha do universo, ou apenas um roteiro sacanamente escrito. Ao finalmente conseguir uma editora que publicasse o seu livro ela se depara com a triste realidade de que os direitos de suas histórias estão presos à sua antiga editora por três anos. E nesse meio tempo cenas incríveis rolaram, ótimos diálogos, e eu fiquei sem saber se era uma piada ou realmente estava assistindo ao primeiro episódio realmente interessante de Girls nessa temporada. Marsha Stephanie Blake estava on fire na cena da editora, os diálogos estavam impecáveis... Quando Hannah disse "You guys Laugh too much, and I don't even care." Era eu que não conseguia mais parar de rir. Sério, tudo funcionou na cena, e é bem difícil lembrar de uma cena de humor na série que realmente tenha funcionado por completo. Tudo ficou bacana, até as referências à Mindy Kaling achei geniais.


Mas como nem tudo foram flores tivemos as fatídicas cenas de frustração da personagem, aonde ela sempre desconta no que estiver mais próximo. E ai de você se não valorizar o drama pelo qual ela está passando... Cabeças vão rolar. A cena dela com o pai mais uma vez foi fiel ao tipo de relacionamento que eles possuem, ela ignorando o fato de que ele ia contar sobre a sua vida e a cirurgia que tinha feito, foi muito engraçado. Tivemos também Hannah xingando o pobre coitado do primo Rudy, que não tinha nada a ver com a história. E no fim das contas acabou mesmo sobrando para a irmã do Adam. Sinceramente, o que eu entendi, foi que Hannah se revoltou com ela não pelo fato dela estar falando non-senses sem parar ou de não ter dado toda a atenção do mundo à ela. Acho que ela ficou puta mesmo quando Caroline disse que Adam não estava presente nos maus momentos da vida. O que sabemos que nem de longe é verdade.

Seguindo então para "Free Snacks", Hannah teve que se contentar com um trabalho corporativo depois de saber que nem tão cedo poderia publicar suas histórias. Primeiro queria começar dizendo que toda a cena com Ray funcionou incrívelmente. Alex Karpovsky foi novamente o ponto alto de um episódio, e é gritante a química que ele e Lena Dunham possuem em cena. Os dois sempre nos presenteiam com os melhores diálogos da série quando estão juntos. Morri de rir com a piada de que a GQ ia fazer um antes e depois da obesidade dela, ou quem estava patrocinando a matéria. E devo confessar que também adorei o fato da revista ser traga para a realidade da série. Eu sou leitor de carteirinha, e é legal você ver os personagens em uma coisa que você realmente se imaginaria fazendo. Girls continua identificável e surpreendentemente palpável.


Aí quando você não imagina que as coisas poderiam ficar melhor, aparece ninguém menos que Michael Zegen em cena com sua camisa xadrez auto-referenciando o look de Hannah no "Pilot". Sério, as vezes eu esqueço de como essas série é cool, agente se acostuma e esquece de lembrar que não existe mais ninguém na televeisão que faça o que Girls faz, e que seja tão inteligente quanto a mesma. Como Zegen é cool! O seu personagem estava divertidíssimo, super em cima da linha tênue entre o "creep" e o "wanna be cool"; seus diálogos com Hannah funcionaram perfeitamente... A parte em que ele fala da sala de lanches e ela responde que de repente tudo desfocou, foi hilária, mas claro que não mais do que ela aparecendo na sala de reuniões abarrotada de guloseimas.

Mas não só de comida foi feito o humor do episódio. Tivemos também todo o dilema de Hannah com o fato de não ser mais uma escritora "de verdade" e sua chefe não se importando minimamente com o seu "dilema". Bem vinda ao mundo real! Achei muito interessante também a forma como a série destacou que, realmente quem escreve como costume, e entra em uma sala de brainstorm, tem muita vantagem competitiva em relação à quem já está obsoleto e já acostumado a trabalhar com aquilo. Por isso que essas equipes de criação estão sempre procurando gente nova para trabalhar com eles. Acho que todo o retrato foi extremamente fiel, e fiquei muito feliz não só pela personagem, como pela série ter dado esse passo. parece que as coisas estão fuindo.


Deixando Hannah um pouco de lado tivemos muita coisa sobre Marnie e Ray nesses dois episódios, o que até agora estou achando bizarro, e ainda não consegui assimilar, contudo entendo o lado deles dois, afinal ambos estavam super carentes, e a forma que encontraram de não estarem mais sozinhos foi um se sujeitando as esquisitices do outro. Está na cara que eles não se suportam, que assim que aparecer alguma coisa melhor eles vão pular fora, mas enquanto isso não acontece, eles vão servindo de chinelo velho e pé cansado um para o outro. Mas nunca serão #SHOSHAY.

E por falar em Shoshanna, finalmente tivemos um plot dedicado à ela, não que isso tenha sido bom. Não sei se foi porque o resto do episódio estava muito mais interessante, mas tudo o que eu conseguia absorver era ela falando descontroladamente sobre a sua vida, e como tinha que acabar com a sua fase "porra louca", voltar aos eixos e achar um bom marido. Eu sinceramente acho que a personagem tem muito mais do que isso para ser explorado, e que está sendo mal aproveitada. As únicas cenas em que Jessa apareceu, foram muito melhores que todas de Shosh. Ela trollando lá a mulher para comprar o vestido preto foi sensacional. Devo ser honesto e dizer que não colocava muita fé nessa temporada assim que começou não, mas estou realmente começando a me empolgar. Espero que continue assim na dose certa, equilibrando humor, reflexão e fluidez. Até!

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