Girls 3x09: Flo

4.3.14


Mal de Família.

Girls em plena noite de Óscar com elenco estelar e participação especial de June Squibb, cava novamente a mitologia de Hannah e prova mais uma vez que as pessoas não são feitas apenas do que querem ser, mas que seu passado tem grande influência no que são, somos feitos do balanço do que almejamos ser e de quem nossos pais gostariam que fossemos, camada após camada. em "Flo", episódio que leva o apelido da avó da protagonistas, nos encontramos mais uma vez com o mundo familiar de Hannah, mas ao contrário de "The Return", o alvo não foram as pessoas com as quais se identificava, e sim as que fora obrigada a conviver.

O episódio desse domingo nos revelou de onde vem muita coisa do comportamento de Hannah, principalmente sua veia egocentrista. Com uma família caótica, aonde sua tias brigam pelos bens materiais de sua mãe, antes da mesma morrer, e não cansam de apontar o dedo umas para as outras à fim de descobrir o problema, não era de surpreender que Hannah se tornasse esse ser preocupado apenas com o próprio umbigo, que nunca dá espaço para ninguém na conversa e fala sozinha apenas para preencher o vazio da sala. Isso tudo somado a um pai mosca morta, que faz todas as suas vontades e alimenta o rei na barriga dela, fizeram de Hannah essa figura grotesca que hoje assistimos perante as telas, e que por muitas vezes causa asco em quem assiste.


A dinâmica entre as tias de Hannah foi excepcional as estrelas Becky Ann Baker, Amy Morton e Deirdre Lovejoy, estavam super entrosadas e entregaram cenas insanas e engraçadíssimas durante o episódio. A cena em que elas dividem os comprimidos e distribuem post it nos bens da mãe foi muito bizarra, Margot falando para Sissy maneirar na medicação, Sissy reclamando da ausência das irmão em cuidar da mãe, o anel, a disputa para ver de quem era a filha mais bem sucedida, a história de desligar os aparelhos... Tudo foi extremamente identificável e assimilável. Parecia até novela de Manoel Carlos.

June Squibb também estava linda e perfeita no papel da vovó de Hannah. A pegadinha está no fato de que, apesar de idosos parecerem fofos e indefesos quando estão na cama ou com idade avançada, não exclui o fato de que no passado não foram pessoas tão boas e tão compreensivas desse jeito, e sendo neto é preciso muita perspicácia para realmente absorver não só a essência do que aquela pessoa se transformou, mas também do que um dia já foi. Flo ao que tudo pareceu era déspota e não muito agradável com suas filhas (nem com Hannah), e deu origem a toda uma linhagem de filhas e netas super inseguras e noiadas sobre o que são e no que as pessoas pensam delas. A atuação de June soube equilibrar bem toda a fragilidade de quem está em um leito de morte com toda rispidez que uma pessoa ranzinza com a vida possui.


Deu para perceber muito isso quando Adam foi visitá-la e ela foi super áspera com ele, até descobrir que ele estaria colaborando para a realização de um de seus desejos. Adam por sua vez, a cada episódio que passa se demonstra cada vez mais altruísta e disposto a fazer tudo pela namorada. Acho que desde "She Did" podemos perceber que a entrega que o rapaz fez à Hannah é legítima e que no momento ele não vê outro futuro para si que não seja ao lado dela. Nada precisa ser rotulado, afinal de contas, como a mãe de Hannah mesma disse, ele é estranho, Adam nunca foi secular, nunca foi rotulável, nunca foi sociável. O engraçado é que eu achei que Hannah já havia aceitado isso e que depois deles terem voltado dessa segunda vez, ela estava bem com isso. Ao que tudo indica as sandices de sua mãe voltaram a afetar seus pensamentos.

O ultimo relacionamento que eu queria abordar é o de Hannah e Rebecca, a prima recalcada. Após uma vida vivida as sombras de sua primas mais carismática, Rebecca é o claro exemplo de quem exige todas as atenções para si, mas faz questão de afirmar que não se importa com isso. E por ser sempre ofuscada por Hannah, desenvolveu um comportamento completamente hostil em relação a prima, aonde, apesar de gostar de sua companhia, precisa a todo momento ressaltar a sua baixa consideração pela mesma. No mais é isso, não achei que foi nenhum episódio genial, mas sim de extrema importância para a mitologia da história, assim como "The Return", "One Man's Trash", "Boys" e "Video Games", que explicam muitos porquês sobre os personagens. Aliás me lembrou muito segunda temporada esse episódio, menos capa e mais conteúdo.

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