Mad Men 7x01: Time Zones
20.4.14A primeira cena da nova temporada de Mad Men mostra Freddy narrando a “sua” ideia para um comercial de um relógio. Para uma série onde o tempo, e a mudança que ele causa nos personagens, é algo primordial, não poderia haver início melhor. Do preto e branco as cores, do mecânico para o eletrônico, tudo muda e resta as pessoas se adaptarem.
Com o objetivo de apresentar onde se
encontram aquelas pessoas passados dois meses desda a última vez que
os vimos, Time Zones funciona
muito bem como um começo de temporada. Ele
reapresenta os personagens
nas suas novas realidades, como também já mostra os vários
problemas escondidos sob a aparência de normalidade.
O
vácuo deixado pela ausência
de Don no escritório fica claro logo nas primeiras cenas. Tratando
os funcionários com uma calma impensável
para o seu antecessor, Lou
não poderia ser uma figura mais oposta a Don. Intelectualmente
medíocre e encarando o trabalho como apenas mais uma atividade em
sua vida – ele corta lenha no fim de semana enquanto os outros
continuam trabalhando sem parar —, o
atrito com Peggy era inevitável.
O
incomodo dela em ter de ser chefiada por alguém tão conformado é
complexo. É um misto da falta de Don, alguém que a opinião
ela respeita e sempre assumiu a figura de um mentor, e também da
percepção de que ela deveria ter aquele cargo.
Sua vida orbita o seu trabalho, então não é surpresa que ela
termine o episódio as lágrimas sozinha em seu apartamento.
Outro
que termina o episódio só é Don, mas a sua situação serve bem
como uma metáfora para seu comportamento durante o episódio. Ele
tentou ter uma relação diferente com Megan (5ª temporada) e falhou
(6ª temporada), não só retornando as antigas falhas, mas
tornando-as piores. Depois do choque de ser expulso da empresa pelos
outros sócios ele parece consciente dos seus problemas, longe das
ações inconsequentes do passado. Toda a conversa no avião é um
exemplo desse reconhecimento das falhas dele, e a resistência a
tentação de ir com a mulher, uma demonstração da sua tentativa de
mudar. Assim, a cena final dele ilustra essa mudança de postura: em
vez de fugir do problema (a porta quebrada), aceitar que ele existe
(abrir a porta e ficar na fria varanda).
Foi um
excelente começo, que plantou possibilidades para o futuro desse
último ano que nem chegaram a ser muito abordadas nesse episódio –
Sterling tentando se sentir mais jovem de formas cada vez mais
inesperadas, a importância de Joan para a empresa e a
constante condescendência
com que ela é tratada —, a
mais importante delas sendo a ligação entre Peggy e Don, mesmo
quando distantes. Mesmo sem um diálogo sequer entre os dois, as
mudanças de cena entre um e outro se conectam através de imagens—
o corte da nuvem para o abajur na cena em que Don chega no aeroporto
—, sons – os passos de Megan se afastando de Don com os de Peggy
chegando no escritório – e tematicamente – o isolamento da
última cena de ambos.
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