The Strain 1x02/03: The Box/Gone Smooth

3.8.14


Os mais recentes episódios de The Strain alternam seu foco entre a conspiração e os monstros que ela esconde. Esses últimos se tornam cada vez mais interessantes a medida que as suas transformações avançam, enquanto os planos para ocultar a verdade sobre eles se mostram quase sempre uma trama burocrática.

As discussões sobre o que aconteceu no avião, os encobrimentos e toda a politica que se coloca no caminho da investigação de Eph são necessários para compreender os movimentos de Eichhorst e Palmer, mas duram mais do que deviam. Não há necessidade, por exemplo, do vai-e-volta dos pacientes na quarentena em The Box, quando no fim das contas, eles serão liberados de qualquer forma e cenas como aquela em que Eph e Nora os obrigam a ficar se revelarão inúteis.

Mais tarde, em Gone Smooth, não há motivo para perder tempo construindo as motivações de Jim, já que ele inicialmente aceitou fazer parte daquela conspiração apenas em beneficio próprio. Mostrá-lo agora aceitando manter sua dupla identidade apenas por que precisa ajudar a esposa doente é uma tentativa pedestre de criar um conflito para o personagem.

Fet, o exterminador de pragas introduzido no segundo episódio, parece apenas um personagem periférico, sem muita importância. As cenas com ele são eficazes em estabelecer a sua personalidade, mas além disso ele não parece ter muito mais a oferecer, o que não é verdade. Ao adotar a estrutura picotada do livro, que se divide entre várias pequenas tramas no começo, narrando os eventos após o pouso do avião através de diferentes perspectivas, alguns personagens acabam parecendo perdidos.

O mesmo acontece com Gus, por exemplo. Após servir seu propósito ao entregar a caixa com o Mestre, ele perde sua relevância e seus problemas domésticos soam pouco importantes diante de tudo que está acontecendo.

Por outro lado, acompanhar a lenta transformação dos sobreviventes do avião se mostra uma atividade muito mais proveitosa. O piloto que aceitou voltar para o hospital oferece a possibilidade de vermos como a doença se desenvolve – e ainda causa a cena mais tensa da série, a luta no fim de Gone Smooth —, enquanto Bolivar e Ansel vão perdendo partes do corpo e mostrando um desejo cada vez maior por sangue.

A série parece desenvolver melhor a anatomia e as características daquelas criaturas do que os personagens em si. Vemos, por exemplo, o processo diário de transformação pelo qual Eichhorst passa, assim como mais uma demonstração da crueldade inata dos vampiros quando ele visita Setrakian apenas para debochar do sofrimento dele – vale lembrar que o Mestre esmaga a cabeça de uma vítima apenas por que pode – e também o tamanho do Mestre e o terror causado em uma pessoa simplesmente pela sua presença.

Agora tudo que precisam fazer é mostrar essa mesma atenção que há com as criaturas para os humanos da série.

PS: Nem só de momentos ruins ou desinteressantes vive essa série quando se trata de aprofundar seus personagens. A cena onde o filho de Eph diz que deseja ver o pai apenas nos fins de semana é boa por conseguir criar uma criança precoce – que normalmente se revelam bastante irritantes em qualquer ficção – que não soa chata. Pelo contrário, ao colocá-lo se preocupando com o pai, os papéis dos dois na relação se invertem por um momento, tornando as consequências da dedicação de Eph ao seu trabalho melancólicas.

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