The Strain 1x07/08: For Services Rendered/Creatures Of The Night

4.9.14


Um taxista morre por que se recusa a dirigir por não ter sido pago pela última corrida com o mesmo passageiro. O caixa de uma loja de conveniência tenta cobrar os clientes pela mercadoria que levam. Ambas situações soam normais, exceto por ambos coadjuvantes estarem cercados por vampiros ansiosos para matá-los no momento em que faziam suas exigências tolas. The Strain não desperdiça oportunidades de apresentar a humanidade da pior forma possível, reiterando a mensagem de que os vampiros não estão ali para corromper os humanos com sua crueldade inata, mas sim para lucrar sobre atitudes vis já existentes.

O pessimismo dessa ideia funciona para a narrativa, mas por vezes soa exagerado. O exemplo do caixa no posto de gasolina em Creatures Of The Night é uma prova disso. Se os novos vampiros vem atrás daquilo que amam, Hassan certamente irá atrás de extensões, comida, peróxido de hidrogênio e os outros itens que podiam se encontrados naquela loja. Retratar os humanos, com exceção do grupo de protagonistas, de forma desprezível e mesquinha nesse contexto é esperado, mas os absurdos tiram credibilidade – preste atenção nisso: numa série sobre vampiros animalescos, o que diminui a credibilidade é o comportamento dos humanos –, diminuindo o envolvimento com a história.

Apesar disso, e das execráveis coincidências usadas para colocar personagens até então isolados no mesmo lugar, o oitavo episódio consegue usar o confinamento naquela loja a seu favor, se tornando uma versão maior das cenas finais de For Services Rendered, onde vários personagens ficam presos sendo “protegidos” apenas por portas de vidro. Se naquele episódio a salvação vem de maneira inesperada, na forma daquele misterioso grupo de matadores de vampiros, no mais recente Eph e companhia podem contar apenas com a inteligência deles diante da emergência, o que dá origem a novas dinâmicas interessantes.

Fet se mostra possuidor de um pragmatismo comparável apenas com o de Setrakian, mas ainda com algum senso de humor, como nas cenas onde compra raspadinhas ou finge decepção por não haver uma recompensa por entregar Eph. Se antes o médico e Nora pareciam ser os aprendizes do velho caçador de vampiros, esse papel será logo ocupado por Fet. Dutch, a hacker que causou o apagão tecnológico que impede qualquer trafego de informação, ressurge para ocupar a posição da personagem que se sente culpada por uma escolha que ajudou a espalhar aquela praga.

Aquele que antes exercia a função acima descrita, Jim, morre naquela que é a melhor cena do episódio. A tentativa de salvá-lo da infecção já é um momento tenso não só por ser uma ameaça a vida de um personagem importante, mas por investigar se é ou não possível salvar os infectados. Os eventos que levam até a morte dele criam uma montanha-russa onde surge um problema, a infecção, que parece imediatamente ser resolvido, dando alguma esperança quanto a possibilidade de tratar outras vítimas, apenas para a inclinação pessimista da história ressurgir mostrando que a intervenção de Eph e Nora foi inútil e que a decapitação e luz UV – ou no caso um tiro na cabeça – são as únicas respostas contra os strigoi.

Conforme o vampirismo se alastra, a série vai ficando mais empolgante, com um ritmo mais ágil já que agora o que importa é sobreviver. Aqui e ali alguns diálogos ainda causam dor a quem os escuta - “Tem um velho maluco com uma espada”, diz Dutch, esclarecendo algo que ninguém notaria sem a imprescindível ajuda dela –, mas é sempre eficiente na criação da sua história de terror.

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