Person Of Interest 4x04: Brotherhood

18.10.14


Quando Elias surgiu em Person Of Interest, ele possuía uma história relevante. Era um vilão recorrente, um personagem importante naquele cenário criminoso criado para a série. A medida que os problemas dos protagonistas se tornaram maiores, com as influências do sci-fi e das tramas de espionagem cada vez mais presentes, as disputas entre as variadas gangues e policiais corruptos de NY perderam força, ficando a cada episódio menos importantes diante de outras ameaças muito maiores.

Houve momentos positivos ao longo dessa jornada. A primeira metade da temporada passada é utilizada, em sua maior parte, para concluir esses conflitos, e ali há alguns dos melhores momentos da série. Os bons começo e fim não são suficientes, entretanto, para apagar o meio várias vezes em que essa trama foi apenas competente.

Essas memórias de tramas antigas e as impressões que elas me causaram são reação mais forte provocada por Brotherhood. Há claras similaridades entre a ascensão de Dominic e a de Elias, que de tão obvias chegam a ser apontadas por esse último, e novamente vamos assistir batalhas por território entre diferentes gangues de New York. Se esse tipo de trama já parecia inoportuna la pelo fim da segunda temporada, agora essa ideia surge ainda mais deslocada.

A maneira como esse novo líder de gangue é apresentado também não das melhores. O plot twist, como de hábito, é previsível, e do pior tipo. A surpresa sobre a identidade do informante de Dominic na polícia pode ser antecipada não por que faz sentido, mas sim por que esse tipo de reviravolta é tão comum que, no momento em que a agente da ATF diz que tem certeza de que o parceiro não é o traidor, eu automaticamente completei mentalmente a frase: “sim, por que você é a traidora”.

O comportamento dos irmãos, as vitimas da vez, é coerente: sendo crianças, eles agem da forma mais estupida acreditando serem brilhantes. O irmão mais velho tenta agir como um homem, mas a cada de vez que ele abria a boca para dizer o que ele precisa fazer para ser um, eu deseja que os traficantes pegassem ele, evitando assim mais algum dialogo digno de uma daquelas mensagens cheias de frases de para-choque de caminhão que atualmente são mais vistas no Facebook acompanhadas de uma foto de pôr do sol.

Apenas quando Shaw aparece em cena ameaçando Mini é que essa trama ganha alguma vida. É sempre divertido vê-la sendo ameaçadora sem jamais parecer se dar conta do que está fazendo. O contraste entre a naturalidade, sua postura sempre calma, e as situações em que ela – Reese também age quase da mesma forma – normalmente se encontra – tiroteios, torturas, brigas – é uma fonte de humor recorrente, e que não falha aqui. A revelação que Mini é Dominic funciona, já que não há nenhuma pista que apontasse nessa direção, ou talvez eu não queria acreditar que usariam um recurso tão similar aquele usado quando Elias foi revelado.

Até aqui o problema que o Samaritano representa continua sendo apenas um leve incomodo, algo que lembramos ocasionalmente quando vemos que agora Reese é um policial ou Finch agora age de dentro de um vagão do metrô, uma realidade longe da opressão e do perigo alardeados na temporada passada. Talvez – eu quero acreditar – tudo isso vai se conectar de alguma forma no futuro, e esses números não serão apenas casos da semana aleatórios, mas passos em direção a um objetivo maior. Por agora, relembro a frase que usei no fim da crítica do último season finale: os vilões venceram e o mundo sequer notou. Aparentemente, os criadores de Person Of Interest também não se deram conta disso.

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