Glee 6x01: Loser Like Me

11.1.15


Let It Go: uma lição que, mesmo martelada em nossas cabeças por um ano, Glee não aprendeu.

Aqui estamos no último ano de Glee. Retorno às origens, reunião de velhos amigos, muito sentimentalismo no melhor estilo "não há lugar como o lar". Tudo bem, eu entendo a intenção e nem condeno, afinal, não dava pra continuar insistindo na furada que foi a fase exclusiva em New York, tão bem retratada no contexto ridículo de "That's So Rachel". Muita gente gostou do retorno, do "último primeiro episódio" de Glee e nem posso culpá-los, o apelo emocional da proposta de mostrar personagens que "têm que chegar ao fundo do poço para se encontrar" é forte e pertinente. O problema é que, pelo menos pra mim, nesse resgate ao passado, continuam insistindo em mais erros do que acertos e, na premiere, se focaram nas piores coisas que a série já teve.

Um exemplo: a inconsistência de Rachel. Que ela foi a personagem que mais se aventurou no universo fora de Ohio, ninguém duvida, e nem que houveram muitas reviravoltas interessantes em sua jornada. O problema é chegar nesse sexto ano, depois da cagada feita no anterior, e fingir que suas motivações zeraram. Não dá pra levar a sério uma pessoa que jogou fora o papel de seus sonhos depois de 18 apresentações para fazer um piloto de TV e que, quando fracassa na nova empreitada, simplesmente decide que "vai recuperar o sonho da Broadaway que perdeu". O fato é que ela não perdeu, não importa a borracha que os roteiristas queiram passar na história agora. Entendo que a negação seja uma forma de lidar com a derrocada recente, mas do jeito que jogaram essa informação no episódio, só acentua a esquizofrenia da personagem. Dito isso, sua nova motivação para reconstruir o New Directions não é de todo irreal, especialmente porque continua a intenção de Finn, mas me deixa com uma sensação incômoda, já que, se era tão fácil assim trazer o clube de volta, por que Will Schuester não o fez antes de se bandear para o coral sem alma do Vocal Adrenaline?

Implicâncias com coerência à parte, já que é Glee, o que se desenha parece um pouco promissor. Rachel e Kurt liderando o New Directions, Blaine repetindo a mesma performance todos os dias com os Warblers e Will no VA podem render alguns bons momentos "amigas e rivais", embora saibamos que, no final, vão todos se unir novamente no New Directions. É o tipo de repetição que não me incomoda, diferente do mimimi estabelecido entre Blaine e Kurt, que já passou da conta umas 700 vezes só no último ano.

Claramente, o surto sem sentido de Kurt e o rompimento mal explicado foram a maneira encontrada pelos roteiristas para redimir Blaine pela traição que culminou na última separação do casal. De certa forma funcionou, porque até simpatizo com Blaine e Karofsky, mesmo sabendo que não vai dar em nada além de algumas caras de choro de Kurt e, muito em breve, teremos esse casal de intragáveis rouxinóis juntos. Adoraria que a série ousasse e cada um seguisse seu caminho, mas sem Finn e Rachel, os dois são o mais próximo de power couple que a série terá e isso nunca aconteceria.

Infelizmente, nenhuma das reclamações feitas até agora se compara ao que senti com os plots muito bem-vindos (#sóquenunca) de Sue Sylvester, sempre "engraçadona" em seus pitis e planos malignos mais caricatos e sem sentido do que de supervilão de gibi infantil. Alguém, por favor, faça esses roteiristas entenderem que a graça de Sue "dumal" acabou na 1ª temporada e que os únicos momentos de dignidade que ela teve depois disso foram quando a personagem agia como um ser humano, porque caso contrário, não dá para aguentar.

De bom, dá para destacar os 5 segundos de tela de Sam, ralando para garantir o Gatorade dos jogadores de futebol e apresentando o novo quarterback macho alpha gay, Spencer, para Rachel; a performance de Let It Go, que mesmo ninguém mais aguentando a música, teve impacto e sentido no contexto de Rachel no episódio; e a vantagem de que o 2º episódio, que foi infinitamente melhor do que esse, passou na mesma noite, para pelo menos não deixar a balança completamente desequilibrada nesse começo de despedida da série.

PS: filhinho de Schue e Emma bebê mais fofo do mundo.


Trilha sonora:
"Uninvited" - Alanis Morissette : Rachel Berry
"Suddenly Seymour" - Little Shop of Horrors: Blaine Anderson and Rachel Berry
"Sing" - Ed Sheeran: Dalton Academy Warblers and Blaine Anderson
"Dance the Night Away" - Van Halen: Clint and Vocal Adrenaline
"Let It Go" – Frozen: Rachel Berry

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8 comentários

  1. Oi Léo. Sempre gostei da forma como você e a Camis tratavam Glee, sem preconceitos e avaliando como qualquer outra série do gênero.
    Faço parte dos que gostaram do retorno, especialmente pq me fez ver que eu sempre assisti Glee da forma errada. Eu sempre esperava muito da série: Grandes histórias, dramas e performances... Eu levava a série muito a sério. Talvez por isso eu tenha abandonado no início da quarta temporada, quando entrou uma "turminha da pesada" pra que a série seguisse adiante. Pra mim, Glee sempre foi sobre a Rachel e o Finn. E aparentemente, a série vai seguir com foco na Rachel se encontrando como artista, e agora, como mentora, naquilo que seria o papel do Finn.
    O início do season premiere me deixou com a sensação de que eu iria boiar, afinal, eu tinha a sensação de que muita coisa ao longo das duas últimas temporadas. Mas não. Entre idas e vindas tudo continua o mesmo. E agora, com aquele toque gostoso de saudosismo e despedida.
    Por passar tanto tempo de férias, até consegui rir com a Sue e seu chiqueiro, apesar de não ter comprado o plot de ódio desmedido ao Glee Club. Mas isso me fez perceber que Glee é, antes de tudo, uma comédia. Uma comédia que não deve ser levada a sério. Uma série pra abstrair e se deixar levar pela música. Vai ser assim que vou assistir de agora em diante.
    Obrigado pela Twitter review.

    Obs.: Concordo que a série merece um prêmio pelos seus erros de roteiro. Mas, pelo que entendi, a Sra Schue não tentou abrir o Glee Club pq não havia orçamento para artes. A Rachel conseguiu a permissão para reabrir após ela investir dinheiro do próprio bolso.

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    1. É, Wellington, geralmente eu tento não levar tão a sério, mas tem coisas que incomodam tanto que acabo me deixando levar e cobrando um pouco mais de coerência do que a série realmente traz. Nem acho esse foco na Rachel mentora ruim não, foi só a execução nesse episódio que achei aquém mesmo. Tentarei aproveitar o clima de nostalgia da temporada e desligar um pouco o senso crítico, até porque não quero sofrer tanto como na temporada passada, e os produtores parecem dispostos a evitar isso também.
      Obrigado pelo comentário e pelo incentivo :D

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  2. Teve Quinn foi perfeito! Vc é invejoso! Enquanto vc fala mal eles tão la ganhando milhoooooooes!

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  3. Léo traduzindo tudo o que penso sobre esse primeiro episódio <3

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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