Glee 6x03: Jagged Little Tapestry

24.1.15


Juntando o que é bom em qualquer época com o que não serve mais.

A proposta de combinar Alanis Morrissette com Carole King, embora traga o já conhecido "efeito jiló" para qualquer canção, caiu como uma luva ao contexto desse episódio. A parte "Alanis" consistiu de plots que, embora familiares, ainda são instigantes e divertidos. A parte "Carole" de coisas que já foram assim algum dia e hoje não interessam mais, chegando até a ficar enfadonhas. Sim, tenho plena noção de que isso vai de gosto musical e que serei apedrejado por todos os dois fãs de Carole que porventura assistam Glee, mas é exatamente como me sinto. Pretensão demais de titia Ryan Murphy achar que podia se safar trazendo toda a sonolência setentista de Tapestry para derrubar a força de Jagged Little Pill, sem ao menos se dar ao trabalho de utilizar "Where You Lead", abertura de Gilmore Girls, na homenagem.

De qualquer forma, não perderei muito tempo na parte "Carole" do episódio, que sem surpresa alguma, corresponde ao casal Klaine. Os dois já passaram do ponto que pode ser considerado chutar cachorro morto e qualquer desperdício de tempo de tela com eles é apenas isso, desperdício. Kurt é capaz de sabotar até mesmo outras coisas promissoras do restante do elenco, como a performance de "Will You Still Love Me Tomorrow / Head Over Feet", de Mason e Jane, que foi a melhor do episódio, absolutamente adorável em sua simplicidade, mas que nos torturou com milhões de flashbacks aleatórios de Klaine e uma colocação descabida de Kurt sobre como podiam ter dado "variedade" e incluído uma coreografia.

Porcelina também tentou meter o bedelho no pedido de casamento de Santana, mas foi devidamente e deliciosamente esculachado, num dos discursos de corredor mais hilários da história da cheerio. Vale notar que ele já tinha feito esse discurso de "vocês são muitos jovens pra casar" com Finn e Rachel, na terceira temporada, o que pelo menos mostra coerência em sua aptidão para criticar decisões alheias e só ignorar essa opinião quando se trata de seu próprio noivado precoce. O que importa é que Brittany disse "sim", não se deixou abater e ainda deu outra sambada na cara de Kurt, providenciando uma decoração sutil e intimista para o apartamento de Blaine e Karofsky, que mal trocaram um beijo em tela e já estão juntando os trapinhos.

Na contramão, o casal Brittana faz a transição para a parte "Alanis" do roteiro. Mesmo com as duas no status de convidadas, conseguem roubar a cena e fazer todo mundo torcer por esse casamento, até mesmo Tina, tão criticada por sua negatividade. Mal posso esperar pelos preparativos e pela cerimônia em si, porque mesmo com asi das e vindas no decorrer dos anos, Brittany e Santana nunca deixaram de divertir quando juntas e provaram que são o melhor casal da série, em toda a doçura demonstrada no episódio, mesmo enquanto dublavam mal e porcamente "Hand In My Pocket / I Feel The Earth Move" (vamos providenciar um workshop de lipsync for your life aí, produção).

Outra história muito bacana e que se concentrou no pessoal pra lá de coadjuvante foi a de Becky, decidida a fingir que é parte do Glee Club com a ajuda de Quinn e Tina, que me surpreenderam com a postura intolerante compartilhada por Sue e coach Roz, se recusando a enxergar a garota como uma adulta passível de ter uma vida sexual, por conta da síndrome de down. Achei que esse fosse um assunto superado, inclusivep elas atitudes de Becky em toda a série, mas ainda são muitos os que pensam exatamente como as garotas, então o choque de realidade cai bem. O namoradinho de Becky parece gostar dela genuinamente e os dois são uma graça juntos, na história toda só dispensaria apenas o fato de ela jogar taças de milkshake no chão e ninguém dizer nada, porque é uma das coisas que vai contra esse pensamento, reforçado em mais um esculacho de Santana, de tratá-la como tratariam qualquer outra pessoa.

Beiste fecha a trinca de coadjuvantes que dominaram a parte boa, com uma trama que divide opiniões, inclusive as minhas. Por um lado, não vi qualquer indicativo no decorrer da série de que ela vivesse esse conflito de se identificar como homem, na verdade foi exatamente o contrário: Shannon tinha uma estrutura corporal masculina e, internamente, sempre tentou ao máximo possível ser feminina e se ressentia por não conseguir. Por outro, sabe-se lá até onde vão os mecanismos de defesa e negação do ser humano, e se encararmos a situação com esses olhos, foi mais um tema social bem explorado, tanto pela mensagem quanto pelas atuações.

No geral, um episódio muito mais Alanis do que Carole, mas fica aqui a torcida para que, nos tão poucos episódios que restam, deixem o que não serve mais de lado.

PS: mais uma música de Tina cortada na metade.

Músicas:
It's Too Late - Carole King: Kurt Hummel & Blaine Anderson
Hand in My Pocket/I Feel the Earth Move - Alanis Morissette/Carole King: Santana Lopez & Brittany Pierce
Will You Still Love Me Tomorrow/Head Over Feet - The Shirelles/Alanis Morissette: Jane Hayward & Mason McCarthy
So Far Away - Carole King: Quinn Fabray & Tina Cohen-Chang
You Learn/You've Got a Friend - Alanis Morissette/Carole King:  Rachel Berry, Santana Lopez, Brittany Pierce, Quinn Fabray, Kurt Hummel, Noah Puckerman, Tina Cohen-Chang, Mason McCarthy, Madison McCarthy, Jane Hayward e Roderick

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1 comentários

  1. Indignado por mais uma música de Tina ter sido cortada pela metade e por ainda não terem feito mash-up de So Far Away com You Ought Know (#TGPfeelings). Sério, esperei 6 anos pra ver uma dueto QuinTina.

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