American Horror Story: Hotel 5×01 (Season Premiere): Checking In

9.10.15


"Welcome to the Hotel California, such a lovely place" 


Lá atrás, em 2011, começava uma série que acabaria sendo uma das minhas preferidas. American Horror Story, com uma proposta super clichê, mas com desenvolvimento bastante único, recheada de algumas das maiores bizarrices já vistas na TV, logo de cara me puxou para dentro desse mundo insano criado por Ryan Murphy, ou como prefiro chamar, Titia Ryan. Foi agridoce quando descobri que seria uma antologia. Eu queria ver mais daquilo, mas também estava aberto a algo totalmente novo. E eis que chegou Asylum e me fez questionar quão boa a primeira temporada realmente era, porque a segunda foi simplesmente DO CARALHO. Não tem termo que defina melhor. 

As duas temporadas seguintes não conseguiram me causar o mesmo frisson que as anteriores. Eu estava quase desistindo de esperar por algo tão grandioso, mas um fio de esperança se manteve com a revelação de que a série não era tanto uma antologia assim e as temporadas estavam conectadas. Jogaram a Pepper na nossa cara e colocaram algumas outras ligações mais sutis. Agora, elas vem novamente de maneira menos discreta, com volta de personagens e premissas. E, se pudermos esperar que Ryan Murphy e Brad Falchuk possam ser geniais outra vez como foram em Asylum (eu sei, Coven e Freak Show dificultam um pouco), pode ser que tenhamos coisas bem bacanas vindo por aí. 

Inspirada no Hotel Cecil, a trama situa-se em Los Angeles, cenário de Murder House. John Lowe, interpretado por Wes Bentley, é um detetive que vai investigar uma série de assassinatos relacionados ao Hotel Cortez, ministrado pela Condessa Elizabeth (Lady Gaga). O hotel também se associa com o passado trágico de John, no qual seu filho desapareceu sob seus cuidados. Chloë Sevigny retorna como a mulher de John para integrar esse plot da família traumatizada. Descobrimos mais tarde que o menino está no hotel, junto com outras crianças, aprendendo os hábitos vampirescos da Condessa. 

Há certa divisão do público quanto à participação de Lady Gaga na série. Haters gonna hate e Little Monsters gonna love. Eu me encontro no meio. Mesmo para quem não é Little Monster, é fácil dizer que Lady Gaga é a cara de American Horror Story. Não como substituta de Jessica Lange, lógico, mas a figura de Lady Gaga combina muito com a série. A ausência de Jessica é um deficit grande, mas também não digo que a série jamais será a mesma sem ela. A atuação indiferente de Lady Gaga reforça a personalidade fria da Condessa, uma referência óbvia à hedionda Condessa Elizabeth Bathory. Eu entendo o motivo de faze-la assim, mas espero que essa personalidade seja mais aprofundada, porque a primeira impressão é apenas essa.  

Isso não se limita à personagem de Gaga. Todos receberam uma apresentação bastante superficial. Eu não consegui me simpatizar por nenhum ainda. Pode ser que a história do filho perdido de John cause alguma sensibilidade, mas de resto, as relações e motivações não foram tão bem exploradas. A Condessa e Donovan (Matt Bomer) formam um casal bizarro que gosta de uma boa suruba (até aí, tudo bem), mas, em vez de suor, preferem estar banhados pelo sangue dos parceiros; Sarah Paulson é Sally, uma viciada em heroína que gosta de assistir estupros com dildos em forma de broca (cúmulo do S&M) e inimiga mortal de Iris (Kathy Bates), que a culpa pelo vício de seu filho Donovan e consequente permanência deles no hotel; Liz Taylor (Denis O'hare) é um travesti que não acrescenta muito ao episódio; Will Drake (Cheyenne Jackson) é um designer de moda gostoso que quer comprar o hotel... Mas e aí? 

Aí voltamos ao que eu dizia sobre as ligações com temporadas anteriores, mais especificamente com a primeira dessa vez. Eu comecei a pensar sobre a dificuldade das pessoas em sair dali e então, ao final do episódio, quando Iris mata Sally, minhas dúvidas começaram a ser respondidas. Voltamos àquela ideia central clichê, mas ainda assim boa, de Murder House: almas presas num determinado lugar, impossibilitadas de sair por terem morrido ali. Lembrei imediatamente de Moira, a criada interpretada pela brilhante Frances Conroy, e todo o sofrimento de passar a eternidade naquele lugar. Esse elemento justifica bem a presença dos personagens no hotel horrendo e traz os flashbacks explicando a história de cada um e porque estão ali. Isso sem contar o link mais concreto, a corretora de imóveis Marcy (Christine Estabrook), que vende a murder house a Vivian e Ben Harmon. Ou seja, alguém ainda duvida que pode sair coisa boa daí? Será que veremos o filho demoníaco de Vivian e Tate fazendo check-in no hotel? 

Por último, mas com certeza não menos importante, tenho que elogiar a estética do episódio. Não é novidade nenhuma que a produção e edição de American Horror Story não brincam em serviço (nem mesmo em Coven) e o resultado é impecável. A fotografia, os sets (alguém mais reparou naquele carpete semelhante ao de O Iluminado?), a trilha sonora (claro que não poderia faltar Hotel California); é tudo muito bonito de se ver. Até mesmo a performance coreografada da suruba ensanguentada.  

Essa premiere de Hotel teve alguns dos elementos que me fazem amar AHS. A bizarrice perturbadora estava lá, obviamente. Mas elas foram demasiadas, de maneira que não teve muito tempo para apresentação da história e personagens, o que é estranho, pois esse não é o feitio de AHS, além de o episódio ter uma fucking hora de duração. Imagino que isso será consertado com o decorrer da trama, então essa reclamação fica mais como uma pequena ressalva do que um grande problema.  

P.S.: Como recusar uma oferta de grupal quando Matt Bomer está envolvido? Eu também não saberia.  

P.S.: Obrigado, Titia, por alimentar nossa afliceta com esse elenco delicioso. Não precisa economizar nas bundas, que a gente gosta. 

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