The Blacklist 1x01: Pilot

27.9.13





Episódios pilotos tem todos os elementos para serem problemáticos por natureza. Em quarenta minutos, devem funcionar como uma narrativa eficiente e uma propaganda suficientemente boa para convencer os executivos de uma emissora e, mais tarde, os espectadores que devem dar uma chance para a série e continuar voltando, semana após semana para conferir as novas histórias. Considerando que o piloto de The Blacklist não tem sucesso em nenhum dos aspectos citados acima, é possivel se perguntar como a série foi ao ar.

A trama desse novo procedural gira em torno de Raymond Reddington (James Spader), um dos criminosos mais procurados pelo FBI que, um dia, resolve se entregar a policia sem nenhuma razão aparente. Nesse mesmo dia a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) começa a trabalhar no FBI e Reddington exige falar apenas com ela.

A motivação da rendição do criminoso o qual o FBI nunca conseguiria prender esta fortemente ligada a Elizabeth e esse é um dos mistérios do episóido e, provavelmente, da temporada. Considerando todas as informações apresentadas sobre o passado de ambos, a resposta mais óbvia é Reddington ser o pai de Elizabeth. Seria uma revelação tola, mas condizente com o nivel de qualidade do piloto.

As cenas são expositivas ao extremo, chegando ao absurdo da inclusão de uma onde a protagonista se vê numa posição em que deve fazer uma avaliação psicológica de si mesma apenas para que possamos entender rapidamente quem ela é. Os principais envolvidos no plano de Ramani para sequestrar a filha do general não tem nomes, mas sim apelidos que deixam claro qual é exatamente a função de cada um: Chemist, Inkpeer, Banker. Não são personagens, são muletas que estão ali apenas para avançar preguiçosamente a trama e não há a menor tentativa de disfarçar isso.

O tempo que poderia ser utilizado para melhor construir o caso da semana é gasto com reafirmações desnecessárias sobre a personalidade da protagonista. Já mencionei a absurda cena em que a personagem é obrigada a se descrever e ali relata sua enorme vontade de ser mãe. Esse desejo já havia sido estabelecido na sua primeira aparição com a conversa sobre adoção e é repetido durante as tentativas de evitar a morte da filha do general.

Essa ultima vez, durante a interação de Elizabeth com a garota, teria sido o suficiente e, melhor, muito mais inteligente como narrativa já que atinge multiplos objetivos, desenvolvendo a trama isolada do episódio ao mesmo tempo que estabelece um elemento essencial da personalidade de Elizabeth sem ser expositivo.

Os momentos que tornam o episódio melhor são apenas aqueles que envolvem Reddington constantemente um passo a frente do FBI. Seria melhor se fosse por uma inteligencia acima do comum dele, mas a capacidade dele de antecipar o que os outros não percebem se deve mais a burrice dos membros do FBI do que ao intelecto dele. Como os agentes, ao tentarem estabelecer a motivação e os planos do vilão e como se conectam o sequestro da criança, jamais pensam em investigar uma possivel conexão entre o pai dela e Zamani. Em outro momento, logo quando Reddington se entrega, ele diz que tem os mesmos interesses que o FBI: a captura de Zamani. Mas se ele deseja capturar o terrorista, por que ele o ajudou a entrar nos EUA?

Até a cena mais inesperada do episódio, onde Elizabeth confronta Reddington sobre o que acontece com seu marido, tem falhas. Ela quase o mata e diz que só irá salvá-lo se ele revelar o envolvimento que ele teve no ataque ao marido dela, entretanto basta Reddington sugerir que há coisas que a agente do FBI desconhece sobre o marido dela e então tudo fica magicamente bem, e a cena sequer é concluída.

Todas essas falhas enterram uma idéia que pode gerar uma boa série. O potencial esta ali, perdido no meio de uma péssima execução.

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2 comentários

  1. Ótima review. Concordo plenamente com tudo. Uma pena que The Blacklist junto com Hostages tenham sido as maiores decepções da Fall pra mim, e olha que a Fall Season só começou.

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  2. A série eh tipo Hannibal, mas feia neh?

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