Glee 5x12: 100

23.3.14


The song remains the same.

Se tem uma coisa com a qual toda série sofre, mas Glee tem sido uma vítima constante, é a obrigação de fazer episódios “com gostinho de 1ª temporada”. O caso fica mais grave especialmente porque a 1ª temporada está longe de ser a perfeição que ficou na memória das pessoas, apenas pelo gostinho de novidade. Não é raro ver apontarem acontecimentos da 2ª, criticadíssima pela grande maioria, e da quase impecável 3ª, como “coisas da 1ª temporada, enquanto Glee ainda era bom” e esquecerem completamente de derrapadas graves do ano de estreia da série. É por isso que digo sem medo que, a despeito do retorno de quase todo o elenco original e da sensação de nostalgia, esse centésimo episódio definitivamente não tem “gostinho de 1ª temporada”. E isso está longe de ser ruim.

O que acontece em “100” é uma celebração do New Directions que ganhou as Nacionais de Chicago, um grupo que passou por mudanças o tempo inteiro e se consagrou justamente no ano da formatura da maioria de seus membros. A diminuição dos tão criticados novatos é evidente por quase toda a temporada, e aqui eles continuaram cumprindo a função de figurantes de luxo. Embora eu pessoalmente simpatize com o grupo e vá sentir saudades de Véia, Ryder, Marley e Unique, acho que a decisão de ofuscá-los foi acertada para a ocasião, que implorava destaque para o pessoal das antigas.

 

Sam, Tina, Artie e Blaine já vinham dominando as últimas tramas como remanescentes da velha guarda no McKinley, Kurt já se firmou como o grande esquecido pelos roteiristas e Mike Chang é objeto cênico para performances de dança, então nada mais natural do que investir em Quinn e Brittany, que apareceram pela primeira vez nessa temporada e são favoritas do público, em Santana (completando a Unholy Trinity), em Puck – O Cadete de 40 Anos, e na dupla de grandes egos e potências vocais, Rachel e Mercedes.

 

O retorno de Quinn com certeza foi ponto alto e necessário para que os fãs não fizessem alarde até o fim dos tempos. Dianna Agron é uma das maiores queridinhas do público, sua personagem já passou por tudo de ruim que se pode imaginar na vida e dominou boa parte de seu tempo na série, então não tinha como errar focando nela. Dianna está mais linda e deslocada do que nunca, perpetuando o estilo único de sua escola de atuação que nos presenteia ao mesmo tempo com momentos de sedução extremo, os choros menos naturais da história da humanidade a já clássica carinha de “não gosti”.

 

Contrariando todas as expectativas, me peguei torcendo por Quinn e Puck (Quick faz do leite uma alegria) como nunca na história desse país e vibrando quando Nate Samambaia Biff levou dedada no nariz e foi jogado na lixeira. Senti falta de um pouco mais de troça com o passado assombroso de Quinn enquanto ela tentava escondê-lo do namoradinho burguês, já que tivemos tragédias muito maiores e mais engraçadas do que sua época de cabelo rosa andando com as drogadinhas. Adoraria, inclusive, que o segredo da noite de devassidão com Santana vazasse e Brittany reagisse à novidade, mas pelo visto, o que acontece em recepções de casamento que não aconteceram, fica em em recepções de casamento que não aconteceram.

 
 
 

Brittany, aliás, mostrou a falta que faz e o diferencial que fez termos uma boa quarta temporada com ela e uma fraca quinta sem. O dilema de não poder se dedicar à dança e às coisas que valoriza em função de ser um gênio dos números ficou um pouco arrastado, mas o épico Fondue For Two e a partida de xadrez com Siri fizeram valer qualquer outra piada mal inserida. No webshow com mais conteúdo da internet, descobrimos que Merda mentiu que não sabia dançar todo esse tempo (referência à vitória de Amber Riley no Dancing With The Stars) e que Rachel mente (#globomente) que mora em New York e nunca colocou os pés lá. De brinde, ganhamos a cena mais sensual da história da televisão, com Lord e Lady Tubbington mandando ver e desafiando a censura ao exibir em rede nacional lambidas em xanas peludas.

 

A morte de Cory Monteith e a triste realização de que não conseguiria terminar a série com Finn e Rachel, como planejava, deve ter influenciado e muito na decisão de Ryan Murphy e sua gangue em concentrar atenções em outros casais clássicos da série. Ele sempre deixou claro que esses dois, junto com Kurt e Blaine (que já agem como se estivessem casados há 50 anos desde sempre, imagine quando realmente casarem) e Brittany e Santana seriam "end game" na série. Assim, nada como aproveitar o retorno de Heather, que provavelmente não aceita voltar de vez agora que é mãe de família, para apressar o final feliz das duas. O problema disso é justamente o futuro de Santana, já que a obrigação de formar um casal com Brittany sem que ela esteja efetivamente na série acaba limitando as possibilidades pra ela. E quem está preocupado com os sentimentos da figurante Dani nessa situação toda, pode se preparar para um comentário qualquer sobre o assunto ou nem isso, já que Demi Lovato também já encerrou seu arco.

 

O plot sobre a eterna disputa de divas entre Rachel e Mercedes foi o mais fraco e coincidentemente que teve mais “gostinho de 1ª temporada”, mas nem dá pra dizer que foi péssimo. O contraste da atriz/cantora de teatro com a cantora mais pop é até interessante de explorar, mas convenhamos que não dá mais pra engolir plot de Merda, especialmente quando é sempre a mesma coisa. Serviu mesmo para Santana chegar no ápice da maldade e revelar que Rachel nunca foi rainha do baile, embora isso também já tenha chegado mais longe do que deveria.

De resto, o lance foi curtir os repetecos de performances, algumas que ganharam arranjo totalmente novo e algumas que permaneceram simplesmente iguais. Questiono várias das escolhas musicais supostamente feitas pelos fãs (que não tinham a opção de votar em todas as músicas executadas na série, mas numa seleção já bem restrita, numa votação pra lá de suspeita) e seus intérpretes, mas por incrível que pareça, a primeira parte da lição proposta por Schue foi bem-sucedida. É sempre bom ver todo mundo junto, mesmo que seja para uma ocasião agridoce como o fim do New Directions. Agora é ver se isso vai pra frente e se todo mundo vai aceitar a lição de Sue: “you didn’t lose, the game is just over”.

Músicas do episódio:


"Raise Your Glass" - P!nk: Will (Matthew Morrison), April (Kristin Chenoweth) e New Directions
Apenas: não sou obrigado. Me perdoem os fãs de Kristin Chenoweth, mas essa mulher deveria ser presa pelo crime que cometeu ao estragar a música da maneira que fez. O descaso é tão grande que a canção acaba num ARROTO dela. Como a primeira versão, com os Warblers, já foi esquecível e essa sofreu a tragédia de ser cantada por essa mulher se achando engraçada ao fazer voz de chipmunk para tudo, vamos nos ater à versão de The Glee Project que humilha ambas. #LindsãoRainhaKristinNadinha
Cotação em Ryders


"Toxic" - Britney Spears: Quinn (Dianna Agron), Santana (Naya Rivera & Brittany (Heather Morris)
Nunca gostei dessa música e preciso admitir que, desde que foi disponibilizada nas bocadas indicadas pelos Little Crackers no Facebook no iTunes, essa versão de Toxic não sai do meu repeat. Não bastasse a música ter ficado excelente, as meninas ainda fizeram uma performance digna de deixar todo o público, independente do gênero orientação sexual, babando e de queixo caído. Só mesmo Biff para ficar jogando Angry Birds.
Cotação em Ryders


"Defying Gravity" – Wicked:  Mercedes (Amber Riley), Rachel (Lea Michele) e Kurt (Chris Colfer)
Surpreendentemente, a adição de Merda foi a única coisa que gostei nessa nova Defying Gravity, já que fora isso não teve mesmo nada novo e Chris Colfer estava pior do que nunca. O engraçado é que gosto das duas músicas que foram lançadas na 1ª temporada, com Lea Michele e Chris separadamente, mas aqui ele conseguiu a proeza de estragar todas as partes que cantou. Também não vi nada de muito especial na cena, que teve até a mesmíssima edição da 1ª temporada, e o que mais valeu foi mesmo a piada de April sobre a necessidade de colocar a canção na Broadway, já que Chenoweth e Idina Menzel a interpretam em Wicked.
Cotação em Ryders: 

"Valerie" - Amy Winehouse: Santana (Naya Rivera) e Brittany (Heather Morris)
Uma salva de aplausos para Heather Morris, que pelo visto aproveitou esse tempinho cuidando da cria para se aperfeiçoar ainda mais no canto e mandou muito bem, tanto em Toxic quanto em Valerie. Já Naya pelo visto nem entrou de novo no estúdio para gravar a música, que em suas partes ficou idêntica à primeira que ela fez na série. Ainda assim, foi um "dueto de dança", como Santana descreveu, bem divertido.

Cotação em Ryders: 

"Keep Holding On" - Avril Lavigne: Puck (Mark Salling)
Talvez pelo vínculo emocional que foi criado com essa música em The Glee Project, quase caí pra trás ao saber que ela seria cantada por Puck e não pelo grupo inteiro no episódio. Observando o contexto original em que ela tocou em Glee, no entanto, faz todo o sentido. O grupo a cantou para Quinn imediatamente após sua gravidez ser revelada para toda a escola, o que a deixou num momento extremo de fragilidade e precisando de todo o apoio possível. Assim, nada mais coerente que o pai da criança usar a canção para mostrar o quanto ainda se importa com a ex e a conhece bem, tanto tempo depois. E implicâncias com Puck à parte, preciso admitir que a voz de Mark Salling quase sempre se sai bem nas versões, e essa não foi uma exceção.
Cotação em Ryders: 

Destaque para as caras de Mãe Lea para sua grande amiga durante a performance. #RememberAchele


 
 

"Happy" - Pharrell Williams: Holly (Gwyneth Paltrow), April (Kristin Chenoweth), Will (Matthew Morrison), Blaine (Darren Criss) e Mercedes (Amber Riley)
Nunca gostei dessa música e, ao contrário de Toxic, continuo não gostando. Da próxima vez cante uma das antigas mesmo, Holly Holiday.
Cotação em Ryders: 

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