Grey’s Anatomy 10x13 / 14: Take it Back / You’ve Got to Hide Your Love Away

10.3.14


Grey’s Anatomy, um câncer que sempre volta e nunca deixa a vítima em paz.


Nunca um episódio resumiu também o meu sentimento com uma série. Exausto, é como me sinto lutado para continuar assistindo a uma série que já me divertiu e emocionou muito, mas que, assim como o câncer da menina do episódio, não sabe a hora de nos deixar em paz. Os dois episódios apresentados este ano isoladamente nem foram tão ruins assim, porém depois de 10 anos de doença não há mais força para lutar, principalmente porque já sabemos que iremos continuar com o mesmo diagnóstico por muito tempo ainda. Shonda Rhimes já provou que consegue dar a volta por cima e assim fez um milhão de vezes com a sua série mais querida, mas chega uma hora que o seu talento para criar boas histórias já não importa mais. Não existe mais vida e mais energia para lutar contra o câncer. Se eu tivesse começado a assistir a série a partir da nona temporada, que foi sim muito boa, talvez estivesse gostando do que vem sendo apresentado, mas depois de tantas emoções e tantos altos e baixos, acredito que não há mais nada que os roteiristas possam fazer para recuperar o meu amor pela série.

Num contexto em que a tendência são as antologias, histórias de apenas uma temporada com começo, meio e fim, que conseguem contar uma boa história em 8, 10 ou 13 episódios, Shonda Rhimes vai na direção contrária e vem se perdendo cada vez mais ao andar em círculos depois de 210 episódios. O maior exemplo de que nada evolui e o público vem sendo enrolado por uma série que se nega acabar é o relacionamento de Cristina e Owen. Já são 6 anos de idas e vindas e a cada uma delas os personagens envolvidos vão ficando mais fracos e menos interessantes. Não é possível que fui o único que fiquei inconformado com a nova recaída do casal e ainda mais com o mais novo mimimi de Owen. Depois de ficar umas 3 temporadas brigando com a Cristina porque ela não queria filhos e era apaixonada demais pelo trabalho, agora ele me inventa de terminar um relacionamento com alguém que também queria construir uma família porque ela não é tão apaixonada quanto ele pela profissão? Se isso não é andar em círculo, eu não sei o que é.

Outra prova de que a série já não tem mais para onde foi a introdução da proibição de relacionamento entre superiores e seus comandados. É bem verdade que a putaria rolou solta demais e que os atendentes prejudicaram e muito o aprendizado de seus alunos, porém todos os membros do conselho do hospital construíram suas famílias justamente no ambiente profissional e nenhum deles concordaria coma uma regra tão radical apenas por conta de uma reclamação. Esta trama até poderia funcionar antigamente, se o conselho do hospital não fosse composto por personagens que tanto conhecemos e fosse apenas o vilão do momento, pessoas não envolvidas no dia-a-dia do hospital e que não viveram tantas paixões e seus corredores e elevadores. Entretanto, além da trama parecer desespero por parte dos roteiristas de tirar uma história nova para abalar o relacionamento de Alex e Jo, a coerência também foi ignorada, uma vez que, pelo menos, Cristina e Meredith jamais aprovariam uma decisão destas. Ao proibir completamente o relacionamento, ao invés de apenas condenar as relações sexuais dentro do hospital e cobrar um maior profissionalismo por parte de seus médicos, a série deixa seus personagens loucos para descumprirem tudo, tanto que todo mundo já estava se pegando num armário qualquer. A repetição na sempre anda tamanha que não duvido que Jo será expulsa do programa e que passará um episódio deitada no piso do banheiro como a sua primeira encarnação fez na terceira temporada da série.

Além de tudo, é fato de que Grey’s Anatomy já foi uma série muito melhor escrita e planejada, o que até é compreensível depois de tanto tempo no ar. Não vejo no passado obviedades tão grandes como a identidade de quem fez a reclamação ou a crise no casamento de Meredith por conta dos serviços solicitados a Derek pelo presidente. Também podemos perceber como as metáforas, que ligam os casos médicos com as vidas dos médicos, enfraqueceram e ficaram bem mais explícitas e até meio bocós.  
Apesar de eu ter torcido para que April ficasse com Matthew, acredito que resolver logo a parada e finalmente dar um ponto final na história, casando-a com Avery, foi uma sábia decisão. Assim como o relacionamento de Cristina, April e Avery já vinham há muito tempo chovendo no molhado, o que já estava cansando a audiência. Para não falar que eu só falei mal, apesar de eu ter torcido o nariz para o fato do marido de Bailey agora ser um residente, tenho que confessar que ver os internos trabalhando juntos para salvar a menina do câncer foi legal e animador como tudo já foi um dia.

Não adianta me xingar ou argumentar dizendo que posso largar Grey’s Anatomy quando quiser já que não estou gostando, o fato é que a série já não é mais a mesma e a tendência é que fique ainda pior. Sabemos que Shonda Rhimes é talentosa e até capaz de dar uma nova sobrevida para a série, mas para que ligar um paciente terminal em aparelhos quando já não há mais vida para ser vivida. A verdade é que já não existem mais boas histórias para serem contadas e nós, o público, é quem perdemos enquanto a ABC só pensa em prolongar algo de sucesso já que não consegue criar nada novo.


PS.: Não poderia estar menos animado para a volta de Burke e já consigo prever Izzie voltando também para abalar o casamento de Karev na temporada de número 19. 

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1 comentários

  1. To ouvindo o podcast ainda e aqui vai uma pequena explicação:

    Na verdade, todas as LUZES (a.k.a. todos os espectros de luz) juntas formam a luz branca.

    Quando se fala de tintas, no entanto, ao misturar todas as cores, você consegue tinta preta.

    Assim: luz vermelha+luz laranja+...+luz violeta = luz branca; tinta vermelha+tinta laranja+...+tinta violeta = tinta preta #fikdik

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