Especial Drop Dead Diva: 5 Anos de Emoção

19.6.14


Originalmente encomendada pela Fox e com o roteiro paralisado devido à greve dos roteiristas, Drop Dead Diva ganhou vida no início de 2008 quando o canal Lifetime decidiu encomendar o script para um episódio piloto da série descrita como uma mistura de Sexta Feira Muito Louca com O Céu Pode Esperar. Na época, o criador Josh Berman queria quebrar o paradigma da beleza das magras e jovens em Hollywood, mostrando com humor e emoção as dificuldades de uma modelo ao se ver presa num corpo como o manequim tamanho grande.

Somos apresentados à Deb Dobkins, uma aspirante a modelo, com a vida perfeita, o namorado perfeito e uma melhor amiga loira que é o perfeito estereótipo de Hollywood. Pra quem conhece Legalmente Loira, protagonizado por Reese Whiterspoon, as similaridades são enormes até que, a caminho para uma entrevista para ser demonstradora de auditório, Deb sofre um acidente de carro e vai parar no céu. A pegadinha começa quando o anjo responsável por encaminhar as almas recém-falecidas afirma que ela é um “zero-zero”, alguém que não fez boas ações, mas também não cometeu nada de ruim devido a sua superficialidade. 

Inconformada com a situação, Deb resolve apertar o botão de retorno e acaba voltando à Terra, mas não em seu corpo original, e sim no corpo de Jane Bingum uma advogada gordinha que acabara de levar um tiro protegendo seu chefe na firma onde trabalha. Incrédula, Deb, agora no corpo de Jane, recorre a sua amiga Stacy para desabafar sobre sua situação. Fred, agora rebaixado por ter permitido que Deb apertasse o botão de retorno, se torna um anjo da guarda enviado para cuidar de Jane/Deb e garantir que ela não conte seu segredo especialmente para Grayson, amor de sua vida. 



Logo no início fica claro que trabalhar na mesma firma que o homem da sua vida seria um desafio, bem como superar as diferenças corporais, encontrar um meio-termo para os velhos e os novos hábitos (quem não lembra como Jane costumava adorar um Donut e uma dose de easy-cheese para relaxar?) e lutar contra Kim Kaswell, sua mais nova colega de trabalho e competidora na disputa pelo coração de Grayson. O interessante no entanto vem com os casos iniciais que Deb é obrigada a assumir agora que precisa viver no corpo de Jane definitivamente. Com debates sobre identidade, beleza, personalidade, somos levados a repensar nossa opinião sobre as pessoas e até mesmo sobre relações com a palavra “Gorda” (1.02 - The “F” Word”) e sobre a relação entre um cão e seu dono, ou mesmo o caso onde Jane e Grayson tomam lados diferentes no divórcio dos pais de Deb (1.04 – Chinese Wall).



Aprendendo cada vez mais sobre sua própria família, Jane/Deb agora passa a lidar com o dia-a-dia da firma, percebendo de vez que os dias de modelo foram embora e assim sua relação com Stacy vai crescendo conforme a última percebe que apesar das diferenças, sua melhor amiga continua ali. É no episódio 1.03 – Do Over que temos a primeira participação de Rosie O'Donnel como a juíza Madeleine Summers, que apareceria em muitos outros episódios, e a primeira ajuda de Stacy se disfarçando de empresária para ajudar a amiga.


Os momentos emocionantes começam a se acumular. Quem aqui não derramou uma lágrima nessa cena abaixo?



Toda a primeira temporada da série foi bem dividida entre os casos e a vida pessoal de Jane/Deb. Conhecemos a mãe de Jane, Elaine Bingum, figura que sempre trouxe diversão e reflexão para a série, agindo da maneira que queria e trazendo muita confusão para Jane. Com a descoberta de um marido, terminamos a primeira temporada com ótimos comentários da imprensa norte-americana e com números suficientes para garantir uma segunda temporada. Segunda temporada essa, que considero pessoalmente uma das melhores e mais animadoras da série. 


Como esquecer da primeira cena da 2ª temporada?

Foi nessa temporada que tivemos o ótimo Back from The Dead (2.02) com Jane tendo visões com o antigo corpo e lidando com o caso do homem que sofreu amnésia por nove anos e precisa recuperar a custódia do filho. Tivemos também o início do relacionamento de Kim com Parker, o retorno de Fred e seu começo como assistente de Kim; O envolvimento de Grayson com Vanessa (2.06 – Begin Again) que geraria até um quase casamento mais pra frente (3.04 The Wedding); A aparição do pai de Jane (2.05 - Senti-Mental Journey) e o caso do palhaço que foi um dos mais dramáticos da série com um homem em luto que só conseguia superar a perda da mulher vestindo-se de palhaço (2.11 – Good Grief).



Temos também um dos principais chamativos da série: as participações especiais. Além de Rosie O’Donnel que deu as caras por boa parte das primeiras temporadas tivemos também a jurada do American Idol, Paula Abdul, interpretando Juíza Paula Abdul; Liza Minnelli e Delta Burke interpretando duas irmãs videntes em disputa do negócio do falecido pai (1.10 Make Me A Match); Cybill Sheperd interpretando uma estilista megera (2.08 Queen Of Mean); A comediante Kathy Griffin como a irmã de Kim (3.08 – He Said, She Said); Kim Kardashian como a pilantra que dá o golpe em Stacy (4.03 Freakshow) e Nancy Grace (5.13 – Jane’s Secret Revealed). Sem esquecer de mencionar é claro a evolução dos personagens e o trabalho duro de todos os atores.



Novamente com um tema musical, temos o início da terceira temporada prometia aumentar o drama e a tensão quase sutil entre Jane e Vanessa. 


Essa temporada passou como um foguete. Já lidando com a decisão de contar para Grayson a verdade, Jane precisa agora lidar com o fato de que isso não será possível. O atropelamento de Grayson na finale da segunda temporada certamente deixou todos aflitos, mas foi um ótimo começo para essa temporada que seria decisiva e cheia de momentos marcantes e definidores onde tivemos a introdução de Owen, nova paixão de Jane que iria perdurar por mais três temporadas. Tivemos também a despedida de Fred como anjo da guarda, partindo o coração dos fãs e abrindo espaço para a entrada de um novo anjo na quarta temporada. Foi na terceira temporada também que fomos introduzidos à hilária mãe de Teri (3.10 – Toxic) e também a Elisa (3.11 – Ah, Men) antigo caso de Parker que guardava o segredo de um filho com o advogado.



Tivemos Jane como promotora em um caso com um antigo amor (3x06 - Closure); O caso de Grayson querendo processar uma empresa pelo uso da foto de Deb em um anúncio. Sendo esse o mesmo episódio em que temos as duas mães, Bobbi e Elaine, causando confusão na vida de Jane (3.07 - Mother’s Day); e ainda o início da longa discussão Jane/Owen e Jane/Grayson. Era ali que tudo começaria, e com o beijo entre Stacy e Grayson era impossível não ficar ansioso pra saber o que aconteceria, ainda mais com Stacy abrindo o bico e falando que Jane era Deb.


Temos então aquela enrolada maravilhosa logo no início da quarta temporada. Além da introdução do novo anjo da guarda, Luke, temos o núcleo de Parker descobrindo sua relação com o filho e até levando a ex para o tribunal na tentativa de conseguir a custódia total do filho (4.06 - Rigged); Temos a montanha russa que é o relacionamento de Parker com Kim, que passa a se importar mais com os problemas financeiros da firma. Além disso, até o final tivemos o desenvolvimento da relação de Jane com Owen enquanto Grayson buscava por pistas de Deb em Jane. Se por um lado tínhamos um núcleo de descoberta com imensas possibilidades para o casal principal, no outro tínhamos Jane, agora noiva (4.05 – Happily Ever After), aprendendo a amar esse juiz que acabou conquistando os fãs e dividindo de vez a torcida pelo coração de Jane. Foi ainda nessa temporada que Stacy se arriscou com a Torbolaria, aliando-se a Nikki, golpista que roubou o dinheiro para o investimento inicial e que depois acabou necessitando da ajuda da sócia (4.12 Pick’s & Pakes). 


O ponto mais marcante no entanto foi o aspecto visual da série. Os movimentos de câmera mudaram, a imagem ficou mais bem cuidada e os tons escuros e rosados começaram a ser mais explorados em tela. Sem número musicais, com diversos conflitos e com um anjo que não fazia nada além de tentar manter Grayson e Jane separados, a queda da audiência começou a ser perceptível e mesmo com um final de temporada totalmente inesperado e chocante, a série foi cancelada pelo Lifetime, deixando os fãs revoltados e a crítica pasma pela decisão de encerrar a série daquela maneira.


Num acontecimento milagroso, a série foi revivida graças ao apelo dos fãs. Na época, todos acharam interessante o fato de, assim como a personagem principal, a série ter sido ressuscitada, e curiosamente pelo próprio canal que há pouco havia cancelado a produção. Com a chance de finalizar os plot abertos do final de temporada, Drop Dead Diva resolve apostar em novos plots, resgatando o núcleo do céu, inserindo a Jane/Jane num corpo magro e querendo sua antiga vida de volta. Depois da declaração de Grayson no final da temporada passada, era impossível não imaginar que o drama entre Grayson e Owen fosse durar a temporada toda. Sem Parker, parte do corte de gastos da série, sem Elisa e sem Luke, é a vez de introduzir mais um anjo da guarda, e dessa vez a escolha pareceu agradar a maioria dos fãs. Sem objetivos secundários, Paul apareceu para iluminar a série e acrescentar ao núcleo de comédia, que estava cada vez mais esquecido com Stacy, agora se envolvida com Owen, e trabalhar na firma aprontando com Teri. 



Foi nessa temporada que a criatividade dos casos resolveu passar por cima da emoção. Casos interessantes, apostando menos no emocionalismo, mas que fizeram a série voltar às graças daqueles que não gostaram dos rumos da quarta temporada. Tivemos casos como o vendedor de colchões que se travestia como forma de atrair os clientes (5.02 – The Real Jane); Plot do cachorro que pula a cerca pra engravidar a cachorrinha da vizinha (5.04 – Cheaters) e o esperado nascimento do bebê de Kim (5.08 – 50 Shades Of Grayson), que passou a temporada se arrastando após ter sido abandonada por Parker e tendo que lidar com o pai, que participou diversas vezes da série como um contraponto para a personalidade ácida da filha. (5.07 – Missed Congeniality).



Foi a primeira vez que Drop Dead Diva foi jogada para exibir sua segunda parte na fall season e seu retorno já causou jogando na cara dos fãs o envolvimento de Stacy com Owen. Era a saída pra que Jane pudesse ser feliz com Grayson, mas a decisão acabou gerando revolta entre os fãs, levando apenas alguns episódios para que a mágoa de Jane com a amiga pudesse passar (5.11 One Shot), mas para muitos fã toda a relação entre Owen e Stacy ainda é inaceitável. Finalizando com um título bastante sugestivo, temos então a morte de Elaine e o reaparecimento de Brittney para revelar o segredo de Jane para Grayson.


Com a temporada final anunciada, a série voltou equilibrada na própria história, livrando-se do peso do segredo que perdurou por cinco temporadas e finalmente investindo no relacionamento de Jane e Grayson (6.04 – Life And Death). A coisa estava linda demais, os dois lidando com os problemas decorrentes da primeira temporada, a aceitação, as mudanças o sexo. Tudo muito lindo até que resolvem matar Grayson e liberar geral (6.09- Hope And Glory). A temporada estava boa com Paul voltando a aparecer mais, Stacy lidando com Owen (6.02 – Soulmates) e a gravidez, apesar do desdém dos fãs, Teri afastada da firma por se passar por uma advogada, Cassandra Muffintop (6.05 – Cheers & Jeers) e até mesmo Kim ganhando um novo interesse amoroso (6.06 – Desperate Housewife). A revolta clara dos fãs com a morte de Grayson foi tão grande que virou assunto de matéria nos sites relacionados.


A decisão de encerrar a série com uma mudança drástica certamente foi bastante pensada pelos criadores e roteiristas e a escolha do ator que interpretaria o interesse romântico para Jane foi, por sorte, feliz. Jeffrey Pierce incorporou os maneirismos de Jackson Hurst (Grayson) de forma tão elegante e nostálgica que fica difícil não gostar dele, apesar de serem anos e anos torcendo para Jane e Grayson (no corpo original) a ideia agora é resgatarmos aquele sentimento de personalidade e identificação que foi tão forte no começo da série.




Com apenas um episódio para encerrar de vez sua trajetória, temos aqui a chance de nos envolvermos novamente, de sentirmos ansiedade e torcermos pra que no fim tudo dê certo. As expectativas são altas, ainda mais com tudo o que aconteceu recentemente, mas vamos pensar que em breve teremos que nos despedir dessa série que nos arrancou tantos sorrisos, nos fez cantar e brincou com as nossas emoções desde o começo.



Curiosidades e lembranças:


- O logo que aparece com um casal no final dos episódios logo no começo da série é da companhia de Josh Berman, criador da série. O logo é uma homenagem ao aniversário de 45 anos de casamento do casal.

- A Avó de Josh Berman foi a inspiração para a criação da série. A mesma se chama Deb e era gordinha, mas agia como se fosse uma modelo.


- Como não citar o famoso Abaixa e levanta (Bend and snap) vindo diretamente de Legalmente Loira e ressuscitado pelo nosso querido Paul?


- Os looks de Jane durante a série sempre foram assuntos de revistas e sites de moda. É comum encontrar diversos artigos com o título “Maquiagem de Jane Bingum” na internet.


- Esse é o trailer exibido na época que a série estava para estrear:


- Os atores estavam fazendo audições na temporada de pilotos quando receberam a notícia de que a série tinha sido ressuscitada pelo Lifetime.


- No episódio 2, é dito que Jane tinha um cachorro chamado Bones.

- No episódio 3.05 – Prom, duas garotas estão lutando pelo direito de irem ao baile juntas. Coincidentemente, duas das atrizes que interpretam as juízas são assumidamente gays: Amanda Bearse e Wanda Skyes.

- O episódio 1.09 – The Dress é uma crítica a regulamentação não autorizada da Abercrombie’s & Fitch que só vendia tamanhos pequenos e apenas contratava pessoas de boa aparência. A história real é paralela ao caso onde Jane processa uma loja por não ter números pequenos e dizer as pessoas como elas devem parecer.

- Logo no início da temporada, 4.02 – Home, é possível ouvir o corte da abertura onde Jane falava o nome de Fred, sendo substituída pelo nome de Luke. A diferença era perceptível e logo na quinta temporada o erro foi corrigido com uma nova narração adicionada.


- Pra quem gosta das partes musicais da série, aqui um vídeo com algumas das melhores cenas
- O episódio 4.10 – Lady Parts (que coincidentemente foi minha primeira review de Drop Dead Diva) é um crossover com Dance Moms, outro programa do Lifetime.
- Pra vocês que acompanham a série, quais momentos valem a pena serem lembrados? Pra não estender esse especial acabei pulando muitos momentos que com certeza marcaram cada um de vocês de uma maneira diferente.

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4 comentários

  1. Parabéns pelo artigo. Gostei bastante da sua análise.
    Minha esposa e eu começamos a assistir a série só por curiosidade e quando vimos já estávamos viciados nas estórias Jane Bingum!!!
    Claro que existem problemas de ritmo, continuidade, personagens pouco explorados e final sem "finalizar". Mas a série tem muitos méritos e o maior deles é oferecer um entretenimento saudável, divertido, leve, gratificante!!!
    Estamos literalmente de "luto", pois fazia parte de nossa rotina chegar em casa e assistir um episódio da "Gordinha"!
    Abraço e parabéns aos produtores e idealizadores desta série!

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  2. Realmente a série é boa e com muitos problemas sim de continuidade. Assisti pela netflix e fiquei muito "chateado" com os capítulos 5 e 6. Esses últimos ficaram a desejar em muitos sentidos. Eles se perderam demais.No casamento da Jane com Owen, ao vê-la beijando Grayson termina sofrendo um ataque do coração e volta subitamente. Imaginei naquele momento em que a verdadeira Jane, que estava apertando o botão de retorno, tivera entrado no Owen. Vem o último capítulo 6 e já namorando Stacy e a mesma grávida!!!!!! Gente! Muitos absurdos,porém gosto da série. A sua análise sobre a série foi dez.

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  3. que série emocionante mesmo , mas deviam ter explorado mais a questão da verdadeira jane ter voltado ,

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  4. Também não gostei do envolvimento da Stacy com Owen, pois a história da Jane e do Ower foi muito bonita. Não deveria acabar assim.

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