Person Of Interest 4x22: YHWH

10.5.15


Ao terminar de assistir YHWH, o último episódio dessa temporada de Person, me vi pensando em O Fim da Eternidade. No livro de Isaac Asimov, um grupo de homens chamados Eternos, que tem a habilidade de viajar no tempo, vivem para proteger a humanidade através de pequenas alterações no curso da história. Sempre que alguma tragédia ocorre, eles agem para evitá-la, impedindo que a humanidade sofra no processo. Ao fim do livro descobrimos que, graças a essa superproteção provida pelos Eternos, a humanidade perdeu sua capacidade de criar, de mudar, se tornando uma civilização que permanece praticamente inalterada através dos séculos.

Essa história sobre uma consequência ruim inesperada nascida de boas intenções se aplica ao Samaritano. O problema mais imediato do julgamento e execução de pessoas baseadas no seu potencial para violência é um dilema pequeno comparado as consequências indesejadas desse controle invisível que altera o rumo de toda a população. 

Por um lado o season finale volta a mostrar o Samaritano como um inimigo que não se comporta como um vilão unidimensional, ele não é vil sem razão. Por outro, apesar de uma motivação bem pensada, ele se torna uma figura ainda mais assustadora. A proteção excessiva garantida pelo Samaritano limita, ela começa eliminando criminosos e termina com a destruição de uma pesquisa científica devido ao seu perigo para a humanidade. Imagine que alguma inteligencia artificial como a vista em Person existisse na década de 30. Ela agiria para interromper qualquer pesquisa relacionada a fissão nuclear? Ao temer a construção de uma bomba atômica, ela privaria o mundo dos benefícios desse avanço? Esse não é um cenário implausível quando se trata de uma entidade que já manipulou uma eleição.

Nesses questionamentos é onde a série mostra o seu melhor. Livre da necessidade de criar subtramas para preencher a temporada de vinte e dois episódios, se concentrando apenas naqueles eventos que mais importam, Person Of Interest conseguiu aliar nos seus últimos capítulos histórias que nunca se encontraram. A guerra entre as duas IAs deu um fim anticlimático a briga entre Elias e Dominic, mas que ao mesmo tempo combina com a melancolia que toma conta de todo o episódio.

Essa sensação de um fim que se aproxima sustenta YHWH. Ela funciona para humanizar um personagem que sequer possui um corpo, e para deixar claro como, mais do que no fim da temporada passada, os protagonistas estão derrotados. Agora, sem a Máquina para funcionar como um gerador de casos aleatórios para gastar tempo, a série precisa se reinventar. A dúvida que fica é se o caminho escolhido será um que abraçará as interessantes possibilidades criadas nesse final ou um mais fácil, que aparenta trazer mudanças, assim como o começo dessa temporada, mas rapidamente se reordena para manter a fórmula do caso da semana viva. 

Se essa última opção se mostrar o rumo preferido pelos roteiristas, a falta de vontade de mudar ficará evidente. Nesse quarto ano a série teve um alvo fácil para levar a culpa por vários casos da semana: o Samaritano. Numa quinta temporada, embora o vilão ainda exista, não há como o Team Machine saber das ameaças. Como manter o formato assim? Viraria Person um CSI, onde Reese e Fusco investigam qualquer crime irrelevante que surja na delegacia? É uma ideia tenebrosa, mas, ao mesmo tempo, difícil de afastar, considerando essa temporada.

O futuro da série pode ser complexo, povoado por ideias dignas de qualquer ficção científica de qualidade, com os heróis tendo que enfrentar um inimigo quase imbatível. Ele também pode ser como essa temporada: irregular e preguiçosa, gastando tempo demais numa história que poderia ser condensada em metade dos episódios. Veremos.

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3 comentários

  1. Quero deixar meu PROTESTO pela ausência de Erika pra falar de Daredevil :(
    Leo tem que ver o penúltimo episódio, onde Karen mostrou que não é pouca merda.

    Game of Thrones foi minha série preferida por quatro anos, mas essa quinta temporada está uma decepção que só. Todos os personagens só se fodem, não dá nem mais vontade de torcer por alguém porque já se sabe que vai terminar em merda. Única storyline que ainda ponho fé é a de Sansa.

    Finalmente, continuem fazendo mais SACs, SALs e SADs. Gosto de todos juntos, mas se tiver pelo menos dois integrantes gravando já vale.

    PS: Acho que se vocês tirassem esses comentários do blogger e deixassem Disqus como padrão, resolveria essa falta de presença dos ouvintes por aqui. Disqus é tão melhor.

    PS2: Espero que vocês vejam Jessica Jones com a vadia do 23 mesmo não gostando de superheroes.

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  2. sherlock lestatdomingo, 10 maio, 2015

    Hummm, com chocolate é mais gostoso... :-)

    Sei muito bem qual comentário meu fez o Léo e a Camis morrerem de rir, eu também percebi, tentei me retratar mas...mexer na merda só faz feder mais. Infelizmente não fui muito esperto e já tem uma GALERA que, não só sabe quem eu sou(perfil real) como já é até amigo(a) lá no face e, que de zoeira, poderiam ir lá comentar e "destruir lares" se souberem da minha treta.

    Pô, bem que a Camis poderia gravar um S.A.D. né? Sobre esse S.A., Demolidor é o que eu queria que Gothan fosse, GoT estou gostando que estão mudando as tramas em relação aos livros, OB ainda nem tive vontade pra voltar, e se for como falaram, é mais uma que vou largar e o resto não vejo mas não importa, o que importa é ouvir as opiniões super gabaritadas de vocês. Flws.

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  3. Eu vi o penúltimo, pulei do 5 pro 10 e depois continiei até a finale. Teve muita coisa boa, mas é o que eu disse, podia enxugar quase metade do episódio sem prejuízo.
    Quanto ao sistema, a gente teve Disqus como padrão um tempo e teve muita reclamação também, então do jeito que tá agora, com as 3 opções, acho que sempre facilita, apesar de nem todo mundo saber como navegar pelos botões.

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