No dia 28 de setembro de 2006, todos demos ‘Hello’ para Betty Suarez. Hoje, quatro anos e 85 episódios depois, chegou a hora de dizer: Goodbye.
Ugly Betty começou como um desafio para a ABC. Fazer o grande público americano aceitar uma história tradicionalmente latina não era tarefa fácil, embora a produção de Fernando Gaitán desse mostras de êxito ao redor do mundo. Ao todo, já são 20 adaptações de Yo Soy Betty, La Fea. Até os países mais improváveis, como Índia, Israel, China e Vietnã tiveram as suas. A mais recente na lista, porém, é a versão brasileira, estrelada por Gisele Itiê e exibida pela Rede Record, sob o nome de Bela, a Feia.
Como se pode ver, as feias dominaram o mundo, literalmente. E com Betty Suarez não foi diferente, pois logo a produção ganhou fama e um público fiel, apaixonado pelas cores, pelo humor e pelos exageros de Betty. Se eu pudesse resumir o andamento dessas quatro temporadas diria que a 1ª foi arrebatadora e intrigante. A 2ª não foi menos interessante e teve os melhores romances de toda a série. A 3ª foi ladeira abaixo e o ponto exato onde mais da metade da audiência debandou. A 4ª começou lenta, deu sinais de forte recuperação, mas aí, já era tarde demais. A temporada foi reduzida, a trama passou por alterações para que tivéssemos um desfecho digno e então, chegamos ao final.
Como eu previa, chorei litros. Quase inundei a casa a cada cena que remetia à despedida e ao pensamento de que ‘enfim, era o fim’. Mesmo com minhas críticas à produção e aos muitos erros cometidos ao longo do caminho percorrido por Ugly Betty, encarar o fim de uma relação de quatro anos não é fácil. No entanto, fico feliz por tudo ter acabado como acabou.
Ugly Betty fez um final coerente e soube mexer com nossas emoções nessa reta final. Os núcleos foram se resolvendo aos poucos e, por isso mesmo, não tivemos de encarar um turbilhão de informações de uma só vez. O que deu para resolver foi resolvido. O que ficou pendente vai alimentar a imaginação dos fãs.
A começar por Amanda, que encontrou o pai perdido e delineou um inicio de carreira profissional. Tyler, o filho perdido de Claire, foi talvez o mais prejudicado. O romance com Amanda ficou no ar, a relação dele com a mãe e o irmão não foi bem fechada, mas é preciso admitir que, para o tempo que tinham, os roteiristas conseguiram deixar as coisas no máximo grau de explicação possível.
Nenhum de nós ia aceitar amizades e amores repentinos, no típico final feliz apressado. Outro bom exemplo disso é Marc, que mudou drasticamente ao longo da série, assumiu uma personalidade mais dócil sem perder o estilo de sempre e tinha essa pendência amorosa. Simplesmente não dava para arrumar um príncipe encantado nos últimos 5 minutos, então, a frase de Justin, que mostra que está na hora de Marc aprender a amar ilustra bem o caminho que o personagem deveria seguir.
Aliás, esse é um detalhe importante. Nada ficou escrito em pedra. Se Ugly Betty tivesse mais uma temporada, haveria ganchos para isso, em cada situação.
O clã Suarez foi o melhor fechamento. Casamento de Hilda e Bobby, Justin saindo do armário e pessoas seguindo em frente. Ignácio encarando a vida sozinho pela primeira vez foi um pequeno detalhe inesperado, sem dúvida.
Até mesmo Wilhelmina e Claire tiveram final coerente. As eternas inimigas jamais vão gostar uma da outra, mas a convivência já é suportável. O breve retorno de Connor e a experiência de quase morte de Willie marcam uma mudança na personagem que, com alguma ajuda de Marc, pretende mudar a vida de obsessão em destruir os Meade.
Aliás, nem teria motivos, já que o sonho de ser editora-chefe se realiza sem qualquer esforço. Daniel simplesmente entrega o poder e vai em busca de sua própria realização. Tudo isso, obviamente motivado pela partida de Betty, que chega a titubear, mas encara que é hora de seguir em frente e ir para Londres.
Se alguém esperava beijo apaixonado, casamento e coisas assim, a frustração foi inevitável. Eu mesma não aceito bem a ideia de que Betty termina sozinha, numa fuga completa da fórmula de todas as outras feias. Porém, não posso negar que o desfecho tenha sido perfeito, a seu modo. Quão bizarro seria ver Betty e Daniel namorados, sem mais, nem menos? Esse sentimento nunca foi explorado na série e sinceramente, o fato de Daniel largar tudo e tentar uma vida nova na mesma cidade em que sua ex-assistente está, já diz tudo. Não preciso de beijos, casamentos e declarações de amor, simplesmente porque eu já sei o que acontece em seguida e, para mim, isso basta.
No final das contas, Ugly Betty foi além. Essa não é só mais uma história da mulher feia e inteligente que faz tudo por amor. Ugly Betty é sim, tudo isso, mas a mulher também faz por si mesma, pelo seu crescimento profissional e pessoal. No final das contas, Betty não precisa de uma aliança no dedo para ser plena e feliz, embora, bem lá no fundo, eu ainda deseje que ela conquiste isso também.
Para terminar esse verdadeiro pergaminho sobre Ugly Betty, agradeço a todos que acompanharam as reviews, comentando ou não. Deixo ainda, para quem quiser conferir, o link para a GALERIA DAS FEIAS, que mostra fotos de todas as 20 “Betty’s” existentes. Foi bom enquanto durou! Nos vemos por aí, para falar de alguma outra série.
