Dexter: Season 6

20.12.11



Tudo culpa de um maldito saco plástico!

Nossa história começa há aproximadamente dois anos, talvez menos, na sala dos roteiristas de Dexter. A quinta temporada esta praticamente finalizada. Eles já têm onze episódios escritos e agora se concentram em como encerrar com chave de ouro (?) mais uma excelente (NOT) temporada. Eles já sabem do óbvio, o antagonista da temporada morrerá ‘afinal é sempre assim’ diz um dos presentes. As outras tramas recebem sua devida resolução mais uma inquietante dúvida ainda assola os pensamentos das mentes criativas por trás da série.

-Que resolução daremos para a teoria dos vigilantes da Deb? – Um dos roteiristas resolve tirar o elefante branco da sala

Segundos de silencio, todos se entreolham e novamente o mesmo roteirista que fizera o questionamento fala

- Ela vai descobrir que Dexter é um serial killer?

Um dos presentes — que passarei a me referir agora pelo pseudônimo de John Coward — tosse assustado. Antes que possa se recuperar do choque da possibilidade de um avanço significativo na trama, alguém se manifesta.

-É claro que sim! — Brada o ultimo defensor da criatividade presente naquele lugar

Coward, recuperado do susto, diz imediatamente, após um murro revoltado na mesa, que não, aquilo não poderia acontecer.  O nosso herói, o defensor da criatividade, discute, argumenta de maneira eximia, mas tudo que consegue é chegar a um meio termo com seus colegas menos pretensiosos criativamente: ‘usemos um saco plástico’, diz Coward. Os outros aceitam, Coward respira aliviado.

Não posso afirmar que o relato acima seja verdadeiro, não tenho meios de dizer se foi desta forma que o infeliz saco plástico que impediu que Debra descobrisse a verdade sobre Dexter no fim da quinta temporada se tornou uma realidade. Tudo que posso garantir é que, sem ele, não teríamos testemunhado aquela que, de longe — muito longe — foi a pior temporada de Dexter.

Habitada por personagens que se mostram como meras sombras do que um dia foram, a sexta temporada era mediana. Quinn e Batista não funcionavam como alivio cômico, Laguerta aparecia esporadicamente sendo a bitch habitual, Masuka não conseguia fazer uma piada decente, somos apresentados a um novo detive completamente irrelevante (sequer lembro o nome do sujeito), a situação era nebulosa.

Felizmente, todos esses eram elementos periféricos da trama que, embora pudessem enriquecê-la se bem trabalhados, não causam um estrago tão grande quando não funcionam. A grande trama da temporada, o Doomsday killer, era interessante apesar da discussão religiosa pedestre. O Irmão Sam cumpria seu papel até sua saída prematura da série: instigar em Dexter a vontade de mudar.

Até o décimo episódio, não pensaria em descrever essa temporada como uma ruim, apenas mediana. Ela tem até um episódio muito bom, Nebraska. Como poderia ser ruim? Pensava assim até o décimo primeiro episódio.

Os dois últimos exemplares dessa temporada representam uma verdadeira aula de como destruir uma história em retrocesso. Eu desafio aqui qualquer fã de Dexter a lembrar de algum momento em que tenha sido sugerido, nem que muito discretamente, que Deb sentia algo mais pelo irmão do que um amor fraternal. Nunca! NUNCA! Em cinco temporadas e mais dez episódios da sexta não houve uma linha de dialogo, uma cena, sequer uma vírgula no roteiro que sugerisse alguma tensão sexual entre os irmãos.

Não que tenha um problema com a idéia do incesto — diferente dos roteiristas, que tentam insinuar que Deb e Dexter não são irmãos, já que ele é adotado —, afinal a ficção não deve ser pautada pela moral. Os grandes problemas são, na verdade, a execução e a concepção. Executada de maneira rasteira, como uma trama jogada nos dois últimos episódios, a epifania de Debra sobre seus sentimentos em relação a Dexter soa inverossímil, estando ali apenas para atender a necessidade de um roteirista incompetente, que jamais deveria novamente chegar perto de um teclado de computador, uma caneta ou qualquer coisa que possa ser utilizada como ferramenta de escrita.


E esse é o problema de concepção. É obvio que o recém descoberto amor de Deb por Dexter estar ali apenas para que ela fique indecisa sobre o que fazer agora que sabe que o irmão é um serial killer. Ser irmã não bastava na cabeça dos roteiristas de Dexter. Ela tinha que estar apaixonada por ele para que houvesse algum conflito.

E por que tudo isso aconteceu? Por causa do maldito saco plástico. Por que nosso amigo, John Coward, o roteirista — ou roteiristas, já que a essa altura imagino que todos na sala de criação de Dexter sejam covardes acéfalos — covarde decidiu que Deb não deveria descobrir, no fim da temporada passada, a verdade sobre o irmão. Para corrigir sua burrada, ele decide recriar a oportunidade de uma maneira artificial e adicionar um novo, e absurdo, conflito entre os irmãos e prováveis amantes em 2012. A imbecilidade e a covardia criativa triunfam pelo segundo ano consecutivo em Dexter.

P.S.: O único ponto alto do season finale é quando Dexter diz, fazendo o sinal da cruz, que ele é ‘o pai o filho e ... serial killer’.

Talvez Você Curta

5 comentários

  1. Cara achei muito boa a temporada passada, a do Miguel foi mediana e essa ultima foi de longe a pior. Espero q eles consertem essa cagada de incesto mas o q me decepcionou mais foi a cena q esperamos seis anos pra ver e acabou sendo meio sem graça q foi a Deb pegar o Dex no flagra.

    ResponderExcluir
  2. Será que só eu que adorei a cena em que a Deb pegou o Dexter no flagra???
    Acho que essa ideia de incesto foi puro fan service e que não vai dar em nada.

    Ai como adoro esse clima de "tá e agora?"

    ResponderExcluir
  3. Essa ultima temporada foi a pior..
    E a história do estagiário que está obcecado pelo Dexter? Que enviou a mão com as unhas pintadas pro Dex, além de criar o joguinho em que pode ser um serial killer? Ignoraram um ótimo gancho..

    ResponderExcluir
  4. Pelo contrário, essa foi a apresentação do "vilão" da próxima temporada.

    ResponderExcluir
  5. Achei essa temporada melhor que a anterior, porem pra mim a melhor de todas foi a do trinity.

    ResponderExcluir

Comenta, gente, é nosso sarálio!

Subscribe