The Paradise: Season 01

13.2.13


A minissérie que cresceu!

Deveria ter sido uma minissérie, mas a coisa foi tão boa que logo ganhamos outra temporada. Quando começou a ser exibida, em setembro de 2012, os números da BBC1 não tardaram a demonstrar a enorme aceitação do público. Assim, antes mesmo que os oito episódios terminassem de ser exibidos, a emissora decidiu apostar numa nova temporada, pela qual já estou aguardando!!

A trama é situada na Inglaterra nos anos de 1890, embora seja adaptada da obra de Émile Zola “Ladie’s Paradise”, originalmente na França. Conta a história de uma jovem do interior que, ao perder o pai, segue para Londres e consegue um emprego na loja de departamentos The Paradise. O proprietário, Jonh Moray (Emun Elliott, de Game of Thrones), é um visionário empreendedor que acaba influenciando o pensamento Denise (Joanna Vanderham, de Young James Herriot) despertando sua criatividade, inteligência e amor. O elenco ainda trás Matthew McNulty (Misfits) como Dudley; David Hayman como Jonas; Elaine Cassidy (Harper’s Island) como Katherine e Sarah Lancashire (Lark Rise To Candleford) como a Srta. Audrey.

A série conta com elementos comuns às caprichadas adaptações da BBC. Destaque para a fotografia, os cenários e os ricos figurinos, que tornam a experiência de uma boa trama ainda mais excelente. Quem tem amor pela profissão, se interessa por estratégias de vendas e publicidade, tem espírito empreendedor ou simplesmente ama um delicioso romance de época certamente vai saber aproveitar.

É uma história de amor. Não somente entre pessoas, mas principalmente por aquilo que se faz. A loja é praticamente um personagem, alvo dos mais diversos tipos de sentimentos, ela se impõe sobre a vida daqueles que a cercam e exige toda dedicação. Muito mais do que um emprego, chega a ser o centro na vida de vários personagens. Sua alma reflete a paixão do proprietário, um homem visionário, empreendedor, que está sempre procurando inovar e adaptar sua atividade às oscilações do mundo em que vive.

A loja é concebida para despertar o desejo das mulheres. Quando Denise olha para aquela vitrine, fica absolutamente apaixonada. Ela entende que aquele tipo de empreendimento não somente está ganhando espaço na rua, mas veio para se consolidar. No entanto, enfrenta um dilema junto ao tio, um artesão em decadência, que enxerga na loja um inimigo sujo e cruel.

O trabalho como vendedora é o despertar de um novo mundo para Denise. Dotada de um talento natural para a atividade, ela vai conquistando seu espaço, a preferência da clientela e a atenção do chefe, que percebe seu potencial inovador e está sempre incentivando as suas ideias. Enfrentando o ciúme, a inveja e trapaça das outras funcionárias, ela procura sobreviver ao turbilhão emocional guiada pelo amor a tudo que faz.

Para quem não viu ainda, recomendo! Para os demais, segue um breve passeio pelos episódios e fica a expectativa pelo que virá. 

1x01 – Uma bela introdução, que não tarda a nos confiar um perfil dos principais personagens e colocar por dentro de tudo, inclusive a morte envolta em mistérios da Sra. Moray (que aguça nossa curiosidade).

O ponto alto é a grande liquidação que coloca Moray e Dudley em conflito, evidenciando o contraste entre eles. Enquanto o primeiro corre riscos e enfrenta desafios, o segundo é conservador e atua justamente no sentido de fixar o amigo no chão, ancorar seus vôos. Fazem uma parceria excelente e, embora Dudley cometa um erro enorme, o episódio acaba fortalecendo o elo que os une.

O objetivo do grande evento é demonstrar a capacidade do empreendimento e obter o capital necessário para a expansão e Moray faz tudo para merecer o apoio do banqueiro sem ficar preso por favorecimento pessoal. Gostei muito do final e desde este momento criei a expectativa de que Denise viesse a ter seu próprio estabelecimento.

Ps: Com aquele caderninho e olhos que tudo vêem, fiquei logo imaginando se a figura sinistra de Jonas teria algum papel mais macabro adiante.

1x02 – Jocelyn encarna a mulher com Transtorno Bipolar, que entre suas crises de depressão e euforia, encontra nas compras um alento. Sua posição social e compulsão por gastar abrem o precedente da compra a crédito. 

Fantástica a maneira com que toda a situação foi conduzida, com Moray enxergando na jovem um potencial no qual investir, uma fraqueza feminina na qual se apoiar, criando promoções e, ao mesmo tempo, evocando em Denise um transbordar de idéias e empolgação que só tende a crescer.

Como nem tudo são vendas, a tensão fica por conta do envolvimento da dama com o vendedor. A questão é delicada e muitos interesses então em jogo: a reputação da jovem, a carreira do vendedor, o pagamento das vultosas somas gastas na loja e a relação com o banqueiro - anfitrião da jovem. Esta parte do episódio também foi muito bem desenvolvida, nos aproximando mais de Sam, das intrigas internas da loja e de Jonas, que muito mais do que anotar, demonstra ser um mestre manipulador na arte dos sussurros.

1x03 – Neste episódio, um bebê abandonado vira estratégia de marketing e serve de ponto de partida para uma parceria filantrópica. Obra de Moray, certamente, que logo percebe no incidente não só uma publicidade enorme e gratuita, mas a oportunidade de aliar sua imagem a iniciativas filantrópicas e evocar a boa vontade da sociedade, especialmente do mulherio.

Diante daquele bebê, Arthur questiona a si mesmo e podemos acompanhar sua odisseia para saber de onde veio, coitadinho. O pequeno nasceu e se criou na loja sem nunca conhecer outra vida, sendo grato e dedicado àqueles que o acolheram e encarna um dos personagens que transpiram por ela, possuindo até um certo orgulho de fazer parte da rotina na The Paradise.

A parte mais tocante foi reservada à pequena e mega fofa Grace e sua mamãe Clara. Os olhos marejaram e a garganta ficou apertada com o drama vivido por Clara e sua decisão final de acordar do sonho e permitir que Grace tivesse uma chance com outra família. Foi muito duro de ouvir e pior ainda ter que decidir justamente quando ela já acreditava não ter escolha e Denise aparece com o dinheiro.

Ps: Só percebi que Jonas não tinha um braço quando ele mencionou neste episódio! Choquei!

1x04 – Mrs Audrey não aguenta a pressão e cai em crise de stress!! Este episódio nos convida a refletir sobre as escolhas que nos definem e a inevitabilidade do envelhecimento. Focado na vida de dedicação profissional, consequências dessa escolha e possíveis arrependimentos. 

O relacionamento de Katherine com Adler era muito bonito. Assim como o pai dela, torci pelo casal em si e não apenas por afastar a moça de Moray. Infelizmente, ela logo dá sinais de tédio e inquietação, ainda mais sendo equivocadamente incentivada por um bem intencionado Dudley, deixando claro que não iria durar.

Denise assume a gerência e demonstra não somente competência, mas a experiência necessária para lidar com a trapaça de colegas. Ciente do desconforto provocado com sua rápida ascensão, consegue articular uma maneira de reassumir o posto sem muito alarde sobre o sucesso da experiência.

1x05 – A ambição social do barbeiro Bradley (nosso querido Arthur Darvill) é o estopim para a intrincada cadeia de eventos que investe mais profundamente no temível Jonas.

Acreditar que “o homem é o que veste” foi o primeiro erro do jovem e suas tentativas de se encaixar realmente foram de doer! Quando as coisas saem totalmente de controle, as suspeitas sobre a morte de Helena voltam a ganhar espaço e o desfecho torna tudo ainda mais suspeito. Jonas toma para si a tarefa de se livrar do problema, embora sua maneira de lidar também gere um transtorno.

De uma sensibilidade a maneira que abordaram o orgulho do artesão pela qualidade de seu trabalho!! Por mais que a atividade estivesse em seus últimos suspiros, havia uma marca ali, um legado, o ultimo suspiro de uma classe que precisava se reinventar.

Muito bom abordarem uma iniciativa de Denise que deu errado! Mais uma vez Moray se prova um líder procurando novas alternativas para solucionar o problema ao invés de focar no erro ou buscar um culpado, o que poderia tolher a criatividade em função do medo de errar.

1x06 - Foi fundamental conhecer a razão da lealdade de Jonas para entender melhor a extensão de sua devoção e enxergar nele mais uma vida dedicada ao lugar, sem outras perspectivas. O ator consegue nos comover e evocar compaixão mesmo com aquela carranca toda!

Fiquei com o coração na mão!! Coitado do Arthur dividido entre o medo e a lealdade, incerto do significado daquilo que viu e alvo incessante justamente de Jonas! Foi meio arrepiante!

A saída de Denise da loja me encheu de entusiasmo. Logicamente fiquei triste com a maneira que ela chegou a tomar a decisão, mas acreditei que ela iria transformar a dor e experiência adquiridos em armas necessárias para começar seu próprio investimento e logo corri para ver onde é que essa atitude ia dar!

1x07 – Adorei ver Moray e Denise competindo! Cada um respeitou o espaço do outro e investiu nos próprios potenciais, aproveitando as diferenças para se aproximar e trocar novas experiências.

Eu desejei desde o início que ela pudesse ter um espaço e estava louca para ver o que ela iria aprontar, só não contava com aqueles velhinhos teimosos e birrentos. Ela faz a sua parte, enriquecendo aquele espaço decrépito com idéias inovadoras e viáveis.O próprio Edmund é o primeiro a desencorajar a sobrinha e suas atitudes somente reforçam o sentimento geral de que seu lugar é mesmo na concorrência.

Katherine tem o seu momento The Paradise. Como tudo, encara a loja como um jogo, excitante e divertido sem ter qualquer noção do significado daquele espaço para todos que ali trabalham, da mesma maneira que havia feito anteriormente com os outros comerciantes da área. Usando estratégias impensadas e pontuais, ela só consegue resultados provenientes do próprio status que possui.

1x08 – Não queria acreditar que havia acabado. Se não houvesse outra temporada ia ficar indignada!! Gente, como é que não mostra Katherine levando um bolo e tendo um acesso de raiva apoteótico? E se aquele beijo em público no final não significar que ele resolveu ficar com Denise e encarar todas as consequencias, quem vai dar piti sou eu! Imagina agora como vai complicar para manter a loja? Mesmo que recomecem do zero eu quero participar!!!

Bem, fora meu ataque pós fim, gostei da maneira como as coisas se resolveram com Jonas. Fiquei muito sentida com sua saída, mas apreciei que a sua lealdade permaneceu firme, mesmo isso significando a sua saída. Não sei se ele volta na próxima temporada, mas se acontecer, espero que esta atitude final não se perca, foi uma construção muito primorosa de um personagem bem marcante.

Agora é aguardar para ver como será a nova etapa e torcer para que toda a qualidade permaneça.


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1 comentários

  1. Adorei a primeira temporada! O tempo passou voando enquanto eu assistia. Com certeza volto pra segunda temporada.

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