Glee 4x18: Shooting Star

12.4.13



A bala que matou Sue Sylvester.

Armas em escolas não são um assunto novo, seja em séries, seja na vida real. É impressionante, no entanto, o que Glee conseguiu fazer nesse episódio com uma ameaça que não era exatamente real, se baseando apenas em incerteza. Imagino que ninguém em nenhum momento imaginou que alguém iria morrer, que tinha realmente um atirador insano no McKinley e que Lord Tubbington se sacrificaria para salvar sua dona, mas nem por isso a tensão foi menor e, entre silêncios, choros esganiçados, chiliques e soluços, foi excelente acompanhar o desespero do elenco principal e perceber quão longe o nível das atuações pode chegar.

A sala do coral foi o destaque máximo e não poderia ser de outra forma. Descrita tantas vezes como um lugar seguro, um santuário onde os alunos passaram por alguns dos melhores momentos de suas vidas, dessa vez a sala virou cenário de terror e apreensão extrema. Os nervos estavam à flor da pele e, concordemos com as atitudes dos personagens ou não, foi interessante acompanhar a salada mista de reações: Sam deixando de pensar no coletivo pela primeira vez, querendo arriscar a segurança de todo mundo para salvar Brittany, isolada aos prantos numa cabine de banheiro; Ryder surtando por motivos menos nobres, ligando para Katie e agravando suas suspeitas no meio do caos; Marley desesperada pela falta de contato com a mãe, que vivia situação parecida na cozinha, com uma panela de pressão fazendo as vezes de metrônomo; Kitty desabafando sobre as coisas que fez com Marley no passado, apavorada com a possibilidade de ser tarde demais para sua redenção; e Artie, a cola do Glee Club, trazendo seu lado cineasta em um momento inoportuno com a gravação de depoimentos para caso não saíssem dali. O efeito dramático de todas as ações foi imenso, e como o comportamento humano em situações críticas é sempre imprevisível, não dá pra julgar ninguém.

Incrivelmente, Tina teve a chance de brilhar mais uma vez se apoiando em sua exclusão. Atrasada para o ensaio e "confinada do lado de fora", Tina certamente não estava mentindo quando disse que gostaria de estar na sala. A confissão emocionada com Blaine traz muito do que é a essência dela na série, o que chega a ser chocante quando paramos pra pensar nas mudanças súbitas da personagem no decorrer dos episódios. Essa é provavelmente a temporada mais constante e coerente dela, e não dá pra evitar o nó na garganta quando Blaine diz que Tina estava sim na sala do coral, porque essa é a magia de um objeto cênico de qualidade. Mesmo ausente em diversos momentos, relegada ao plano de fundo e sem as mesmas oportunidades dos outros membros do New Directions, Tina sempre foi parte essencial do grupo, pelo menos pra mim.

Revelados os psicopatas que estão assediando Ryder

Menos essencial é a subtrama de Shannon e Will. A amizade dos dois era um deleite, principalmente pela falta de interesse romântico de ambas as partes depois da cena constrangedora em que ele tirou o BV da treinadora por pena. Investir de novo nessa paixão platônica de Beiste agora é bobagem, então torço mais pra que ela encontre alguém mais decente do que Ken Tanaka no ParPerfeito e pare com a palhaçada. É bizarro também pensar que Will e Emma voltaram a ficar juntos "há uma semana" e não contaram pra ninguém, sendo que eles fizeram as pazes logo depois do casamento fracassado e não seria exatamente fácil fingir que o climão continua por muito tempo. De qualquer forma, a situação serviu como desculpa para encaixar Beiste na sala do coral no momento em que tudo aconteceu e destacar mais uma atuação de peso (sem trocadilhos), além de permitir que ela e Will tapassem a boca de Sam vigorosamente, numa cena que aposto que gerará muitas fanfics de sadomasoquismo com o trio.

Por falar em Sam, quem diria que ele teria que lutar ainda mais por uma mulher do que lutou por Mercedes/Unique, em sua perseguição incessante na 3ª temporada? Não é fácil manter um relacionamento com Brittany e o motivo disso tem nome e sobrenome: Lord Tubbington. Não é à toa que o gato dá nome ao meteorito/asteróide Tubbington-Bop, porque seu potencial destrutivo é devastador. Ele já prencheu uma papelada para deixar a dona internada, disse para a polícia que ela era responsável por um massacre de ratos, se juntou à KKKK (Ku Kux Klan for Kats) e manda ameaças por e-mail para Sam. Uma serenata de "More Than Words" com direito a velas e sua nova companheira, Lady Tubbington, podem mudar o temperamento desse gatinhoso. Fica a denúncia, aliás, de que por mais fofo que Sam tenha sido a respeito da construção de sua família fake com Brittany, rolou crueldade com os animais na hora de deixar Lady Tubbington presa em sua mochila dentro do armário (!) durante toda a comoção, tirando provavelmente umas 5 das 7 vidas de Lady por falta de oxigênio.

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Ryder continua a sua busca por Katie e também aposta na ideia da serenata, com uma versão pra lá de bonitinha de "Your Song", que surte o efeito desejado, mas não na pessoa que ele esperava. As fotos enviadas pela web na verdade eram de Marissa, estudante do McKinley que fica instantaneamente interessa, mas Ryder quer saber mesmo da pessoa com quem trocou confidências via DM, mesmo ciente de que ela pode ser um ancião pedófilo, Brad – o pianista ou, pior, Lord Tubbington aprontando mais uma (nada mais apropriado que um gato que faz catfishing). O momento em que o rapaz se vira contra o Glee Club, acusando cada um, poderia facilmente cair no ridículo, mas a atuação de Blake faz tudo valer a pena. O momento em que ele reclama de se sentir patético com Marley e Jake é tocante, a declaração de Véia sobre o pensamento de namorá-lo fazer com que ela fique mais seca do que o elenco de Hot In Cleveland é hilária e, pelo amor de Deus, vamos torcer para que não seja Unique por trás disso tudo, como suspeita-se desde o início. Acho que a história foi desenvolvida de forma séria o suficiente até agora para o alerta ser jogado para o alto assim, Katie precisa ser uma pessoa minimamente ameaçadora e não um membro (sem trocadilhos com a situação de Unique) do New Directions trollando o rapaz.

Eis que, por último, mas não menos importante, temos a origem dos tiros. Confesso que, por mais óbvio que fosse o fato de Sue estar encobrindo alguma coisa mais séria do que seu acidente limpando Uma Thurman, não pensei em Becky em nenhum momento. Até Finn, que já está acostumado a disparar armas acidentalmente, veio à mente antes como suspeito, por mais que o desabafo de Becky sobre não estar preparada para o futuro indicasse alguma crise mais séria futuramente. O plot traz desenvolvimentos memoráveis pra cada personagem envolvida: para Brittany no momento em que mostra o quanto amadureceu no último ano, não só se sentindo segura para deixar o McKinley, como apoiando Becky a fazer o mesmo; para Sue, que no meio de tanta insanidade realizou talvez a sua ação mais altruísta, que faz todo o sentido porque envolvia a pessoa com quem teve mais empatia em toda a série; e claro, para Becky, que sempre desafiou vários estereótipos em sua composição e mais uma vez demonstrou uma vulnerabilidade tocante.

No fim, Shooting Star não foi exatamente um "episódio sobre tiroteio na escola", e talvez nisso esteja a sua maior vantagem. Conduzir uma temática dessas sem a obrigação de ferir nenhum personagem, mas mesmo assim colocar todo mundo em situação limite é válido, desde que a justificativa seja plausível. Pode não ter sido o que as pessoas esperavam e já prevejo o episódio dividindo opiniões, mas declaro desde já estar do lado dos que acharam extremamente interessante fazer parte, junto com os personagens, desse momento de incerteza. Não ter sido o que esperávamos é justamente o que faz do episódio algo tão especial, já que ele era baseado em incerteza.

Meowgaevil

Músicas do episódio:

Your Song - Elton John: Ryder (Blake Jenner)
Imagine que você é o membro mais novo do elenco de Glee e recebe a missão de fazer uma performance de destaque sem mais ninguém do elenco, apenas com "o pessoal da banda" e uma estranha que acaba de dar as caras pela primeira vez. É improvável que resulte em coisa boa, mas Blake faz com que isso aconteça, com um charme e suavidade que deixa cada vez mais óbvio que houve justiça no resultado de The Glee Project.

More Than Words - Extreme: Sam (Chord Overstreet) e Brittany (Heather Morris)
Sempre imaginei que Chord mandaria muito bem cantando a música que embalou a perda da virgindade de Robert Ulrich e não estava enganado. Heather, que é normalmente a voz mais limitada do elenco, também não comprometeu e a serenata para Lord Tubbington acabou se tornando um momento ao mesmo tempo bizarro e emocional.

Say - John Mayer: New Directions
A letra dessa música foi praticamente declamada em diversos diálogos do episódio e não tinha como encerrá-lo de forma melhor do que com o grupo cantando-a. Sou fã do trabalho de Jão Maia e já fico na torcida de uma versão do New Directions para "The Heart Of Life", que certamente ficará no meu repeat por tempo indeterminado, assim como "Say".

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14 comentários

  1. Sheilinha divando como sua dona.
    Eu gostei do eps, mas tenho de expressar meu descontentamento com plot do catfishismo.
    Agora amo Véia, amo Véia e Marlene abraçadas por 2 dias sem parar após os tiros.
    Amei Samzinho with balls. Sabe de uma coisa. Sam é meio Quinn, só que de um jeito menos bibolar, ele só quet ser amado tadinho. Ele mergulha de cabeça em toda relaçao, se compromete e se fode. Amo muito Samzinho #HugColetivoNele
    Agora por falar em abraço, o que foi o avulso do banheiro entrando no meio do abraço do New New Directions? Pior que isso só Marlene tão preocupada com a mãe, mas só lembrou de deixar recado para lançarem suas songs póstumas #JavierFeelings90210 Hahahahahaha
    E recado para Becky: se até Finn consegue sair da escola vc tbm consegue gata #StayStrong

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  2. Cara... eu fiquei incomodado e desconfortavel durante todo o episódio, Principalmente pela situação da Brittany e a da Tina. Assisti no trabalho e estava as lagrimas aqui sem perceber... acho que o episódio me acertou em cheio. Nunca liguei muito pra esses casos de tiro nas escolas... minha referencia mais real disso foi o caso no Rio de Janeiro e na mesma hora me veio a cabeça todos os depoimentos que eu ouvi na epoca e isso me torturou muito mais... Episódio excelente!

    "E recado para Becky: se até Finn consegue sair da escola vc tbm consegue gata #StayStrong [2]

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  3. Eu adorei o episódio. É sempre bom ver as séries saindo da sua zona de conforto.

    O clima do episódio foi intenso e deu pra sentir o medo dos personagens. Quero destacar a atuação do Blake e da Véia.... ela falando pra Marley que ninguém machucaria a mãe dela, pois todos gostam muito dela foi bem bonita. A menina foi posta ao limite e não decepcionou. O amor pela véia tá crescendo a cada episódio.

    ps. complementando o que já foi comentado aqui, pode-se ouvir boatos de que parece que Marley e véia ainda estão abraçadas. =O

    ps2. pra mim está mais do que claro que quem tá fazendo catfishing é a Lady Tubbington, num plano megaevil com Lord Tubbington que será revelado na finale. Muita coincidência ela aparecer assim no episódio do nada. E certeza que enquanto ela tava ''presa'' no armário, ela deu uma fugida só pra se livrar do celular e incriminar outra pessoa.

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  4. Sem palavras pra descrever esse episódio de TÃO ÓTIMO QUE FOI.

    No começo parecia um episódio normal que com apenas 2 segundo com o barulho do tiro, tudo mudou.
    as atuações foram ÓTIMAS, mas o destaque ficou com Blakezinho <3 Ele foi ótimo em todo o episódio como tem sido em toda a temporada. Glee foi ridiculamente EXCELENTE, eu classifico como o melhor episódio dessa leva de episodios da fall season.(como se tivessem episódios bons em excesso para se comparar, rs)

    E realmente espero que isso ainda afete eles e não que seja um plot esquecido (não no nipe de Yang por cair uma bandeja se jogar no chão) mas que fique marcado na vida deles

    E agora aguardo ansiosamente por letras de Marlene <3

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  5. Foi um episodio que mais gostei e me emocionei da serie, começando com a atuação de Blake quando foi falar com jarley e eu já estava chorando, ai veio o tiroteio e mais uma vez tava eu lá chorando novamente. Desse jeito eu desidrato titia.

    Amo/Sou/Idolatro Véia!!!

    Amei todas as músicas, temporada tá otima, não tem o que reclamar.

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  6. Na boa, o episódio foi meio over, foi bonito e talz e até chegar o desfecho em si eu achei que o episódio estava meio exagerado, só gente com cara de choro, o final em si foi forte.

    De longe esse episódio foi para capitalizar, Titia foi muito ousada em tratar dessa temática e acho que pode até ter afugentado uma parte do público pela fobia que o episódio causou.

    Ryder roubou a cena, Blake é sem dúvida o melhor dos atores da série.

    Minha mãe depois do episódio: "Acho que foi o Lord Tubbington que mandou as mensagens pro Ryder!" - hesuiahoiueashhsaieoua

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  7. VÉIA EU TE AMO!!!
    Eu já estava gostando mt da Véia e dps desse episódio eu amo essa idosa!!

    Nunca achei q Glee fosse me deixar tão nervoso e apreensivo, não q eu esperasse q alguém fosse ser baleado, mas na hora, fiquei desesperado e me vi chorando loucamente junto com o ND

    Glee está fazendo uma temporada memorável e esse episódio só vem pra coroar mais ainda essa temp

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  8. Ainda tô em choque. Que episódio foi esse? Segurei as lagrimas por tanto tempo quando pude, mas me acabei em lagrimas. Claro que nem por um segundo imaginei que algum deles sairia ferido, mas a tensão me acompanhou por toda a cena. Tenso. Ver as diversas reações do pessoal (durante a após) foi surreal. Esse eps entrou pra historia pra mim.

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  9. Que susto que eu tomei quando escutei o tiro, foi surreal porque é Glee e... eu não estava preparada para aquilo e acho que foi exatamente a intenção do episodio nos pegar desprevenidos.Foi tão tensão. Foi Engraçado. Foi Otimo. Glee!

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  10. Não sei porque mas depois de assistir um episódio de One Tree Hill com essa mesma temática esse episódio de glee não me entusiamou...somente teve seus momentos...em One Tree Hill além de a bala ter acertado a Peyton, ter mostrado o garoto que levou a arma perturbado a ponto de cometer suicídio, ainda mostrou o assassinato do Keith pelas mãos do próprio irmão...

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  11. Vc sabe que a época é outra, né? Que não era um plot devilão invadindo a escola para pegar o mocinho/a?
    SS foi sobre uma questão americana grave. Não um plot regular.
    OTH é otima, mas não foi um eps para se questionar nada foi um eps emocionante dentro de um plot da série.
    Antes que venham falar que eu não vi. Saibam que eu já vi esse eps e outros de OTH. ;)

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  12. E eu achava que minha gata era inteligente... mas ela nem entrou no KKKK (ri muito)
    Ri mais quando o glorioso Ken Tanaka apareeu no perfil da Beiste, Glee sempre ressuscitando.
    E tia Sue deve voltar, pois Blam queria derrubar o reinado dela, e com certeza não foi desse jeito que eles planejaram.




    Obs.:Leo, eu deduzi que os tiros tinham alguma relação com Becky Jackson quando titia Sue contou uma historia mirabolante sobre sua Uma Thurman, mas achei que tinha sido algo mais trágico o.o

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  13. Não sou mto fã de Glee mas de vez em quando Ryan Murphy acerta em cheio. Gostei mto do episódio ter explorado o medo que existe nos Estados Unidos em relação a tiroteios e escolas. A polêmica das famílias das vitimas do tiroteio do ano passado é ridícula e o tabu só censura o diálogo e mantém as chances de novos tiroteios,

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  14. Me senti dentro da sala do coral com eles. Fiquei nervoso o tempo todo. Episódio épico!

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