The Strain 1x04: It's Not Everyone

8.8.14


Em certa cena do mais recente episódio de The Strain, Palmer e Eichhorst contratam uma hacker que deixará a internet lenta o suficiente e tornará o uso de qualquer rede social inviável. Ela percebe que aqueles homens na sua frente querem esconder algo de errado, mas isso pouco importa, lhe interessa apenas o lucro imediato. A conspiração do Mestre não se apoia somente nos recursos e influências de um empresário a beira da morte, mas também na sempre enorme capacidade do Homem de observar sempre o seu interesse acima de todas as outras coisas.

Esse padrão pode tomar a forma de um homem preocupado com a esposa doente, e que comete uma pequena – a seu ver – traição ou doentes que se recusam a admitir seu estado apenas por temerem uma quarentena, acreditando ser um problema passageiro. Essa vontade de autopreservação – e autoenganação em certos casos – é tão presente que talvez os roteiristas estejam tentando construir a ideia de que, caso os vampiros vençam, parte da culpa será dos humanos.

Digo “talvez” por que ainda me encontro incerto sobre o quanto isso é intencional, já que é estranho que as mesmas pessoas que escrevem diálogos simplesmente funcionais, por vezes pedestres, sejam capazes de construir essa mensagem sobre os perigos do egoísmo. Aqueles momentos que serviam apenas para nos manter atualizados sobre os planos de Palmer e Eichhorst estão menos presentes, mais ainda parecem artificiais e desinteressantes comparados com o resto da história. A cena em que os dois entrevistam a hacker é o perfeito exemplo disso ao conceber a personagem como um amontoado de clichês e uma máquina de frases previsíveis.

O episódio cresce quando se concentra mais nos personagens em si do que nas conspirações mirabolantes que protagonizam. O próprio Palmer tem uma cena, próxima do fim do episódio, onde ele revela um momento de fraqueza e decepção ao sentir que está tendo sua imortalidade roubada dele depois de tanto trabalhar para consegui-la. A subtrama envolvendo Ansel e sua esposa é bem construída, mostrando a decadência dele para um comportamento animalesco, mais ainda retendo a sanidade necessária para proteger Ann dele mesmo. A cena em que ela encontra o marido acorrentado é um dos pontos altos ao retratar o choque dela com cena a tensão do momento com os closes fechados nos rostos perigosamente – para ela – próximos dos dois.

A necrópsia do recém-morto piloto cria a necessidade de uma ação rápida para impedir que aquele vírus se espalhe. A correria e a adrenalina após a luta no fim do episódio passado, e que permanece enquanto o trio investiga aquele corpo estranho, é essencial para a construção de Eph, e sua mudança de comportamento. Até aquele momento aquilo não passava de uma doença perigosa, mas quando ele vê que até uma criança pode tentar matá-lo, ele percebe que a única opção é seguir o caminho sugerido por Setrakian.

A cena final com o velho armenio se revelando ainda um eficiente caçador de vampiros é o grande momento da série até aqui. A naturalidade com que ele age, respondendo que pretende matar todos os passageiros do avião como quem responde a uma pergunta banal mostra a familiaridade dele com aquela situação. O momento em que Eph e Nora reagem de formas completamente opostas é intenso, apesar dos diálogos novamente fracos – tanto o sentimentalismo dela quanto a calma dele são bastante exagerados.

A medida que a história vai ganhando ritmo, se tornando possível compreender com mais clareza para onde a trama está indo, esses momentos que soam artificiais vão desaparecendo e as cenas onde nada de grotesco ou aterrorizante esta acontecendo vão melhorando.

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1 comentários

  1. A cena da autópsia foi a mais nojenta dos últimos tempos. Palmer foi traído pelo seu assessor nazista que só precisou dele para trazer a caixa e o Mestre. É o castigo por fazer pacto com o que não presta. Quando é que o matador de ratazanas vai se juntar ao Setrakian e Eph?

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